Em março de 2011, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado uruguaio pelo desaparecimento de Maria Claudia Garcia e a supressão da Macarena de identidade
Por Maria Fernanda Arruda – do Rio de Janeiro
Macarena nasceu uma segunda vez quando ela tinha 23 anos. A vida plácida e apolítica que ela nativa foi completamente interrompida quando a mãe confessou que ela não era sua filha. Descobriu que foi uma criança roubada, arrancada dos braços dos pais sequestrados, torturados e assassinados pela ditadura da Argentina. Dada a quem ela acreditava ser seu pai, um policial uruguaio. Ela tinha 23 anos. Essa notícia mudou sua vida e sua consciência. Desde então, soube das torturas e desaparecimentos, horrores repressivos, e também soube que ela era um produto de tudo isso.
Naquele 24 de agosto de 1976 que Macarena menciona com precisão, os militares argentinos invadiram a casa do jornalista e escritor Juan Gelman, muito procurado pela extrema direita de seu país. Porém, Gelman já havia partido ao exílio. Em vez disso, os militares levaram o seu filho Marcelo e sua esposa, Maria Claudia Garcia, grávida. Eles tinham 19 e 20 anos. Viviam em Buenos Aires. Marcelo foi morto em 1976 e Maria Claudia foi transferida para o Uruguai, pela Operação Condor. O corpo de Marcelo foi encontrado, mas não o de Maria Cláudia.
Macarena e a ditadura
Em março de 2011, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado uruguaio pelo desaparecimento de Maria Claudia Garcia e a supressão da Macarena de identidade. O país foi intimado a conduzir a investigação dos fatos, determinar as correspondentes responsabilidades e aplicar sanções aos responsáveis.
Em março de 2012 o ex-presidente do Uruguai, José Mujica , conduziu uma cerimônia pública na Assembléia Geral do Parlamento , que reconheceu a responsabilidade institucional do governo uruguaio sobre os fatos de violação dos direitos humanos relatados por Gelman. Desta forma, ele conheceu um dos pontos do acordão da Comissão, e se comprometeu a tomar medidas para reparar o dano.
Macarena trabalhou na Secretaria de Direitos Humanos da Nação, na Argentina e colaborou com o movimento das Avós da Plaza de Mayo. A partir de 2010 tornou-se militante política no Uruguai, participando da fundação da Frente Ampla. É deputada pelo departamento de Montevidéu desde 2015.
Semana que vem estarei com ela em Montevidéu , pessoalmente, para um café que já esta marcado por nós.
E dessa mulher forte, trarei sentimentos ,lembranças e luta.
Maria Fernanda Arruda é escritora, midiativista e colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras.
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