O agronegócio brasileiro muitas vezes é criticado por supostamente não seguir as melhores práticas de desenvolvimento sustentável, e muitos ambientalistas conectam a expansão do setor ao desmatamento da Floresta Amazônica.
Por Redação, com Reuters – de Brasília e São Paulo
O governo brasileiro não tem sido eficiente em comunicar as iniciativas do agronegócio brasileiro, principalmente aquelas que dizem respeito à sustentabilidade, e muitas vezes reage de maneira equivocada, disse o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas, nesta segunda-feira.
— O nosso governo tem sido muito menos competente do que a iniciativa privada na comunicação do nosso Brasil lá fora, principalmente do Brasil agro — afirmou ele, durante Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado de forma online.
A divisão entre os interesses do agronegócio e dos ambientalistas é visível na AmazôniaSegundo afirmou, a “exceção” nesse processo tem sido a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Para Freitas, a ministra “tem sido uma gigante na habilidade inclusive de contornar problemas que o governo causa na comunicação externa”.
— A iniciativa privada, as empresas, as cooperativas, as próprias organizações dos produtores têm sido mais eficientes, o governo tem atrapalhado muito mais do que ajudado e precisa rever esse conceito — destaca.
Consumidor
O agronegócio brasileiro muitas vezes é criticado por supostamente não seguir as melhores práticas de desenvolvimento sustentável, e muitos ambientalistas conectam a expansão do setor ao desmatamento, a despeito do ganho de produtividade do segmento.
As críticas aumentaram durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, que para muitos não tem uma postura firme contra o desmatamento na Amazônia.
— Não é se defendendo a qualquer custo das acusações, dos desafios que se colocam, que nós vamos resolver isso, temos que encararam o problema de frente, temos que aceitar os comandos do consumidor, do consumidor global, é por aí que nós temos que andar. Boto esse ‘brinco’ da baixa comunicação nas costas do Executivo, do governo — disse Freitas.
Destaque
Já o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, avalia que as medidas do governo voltadas para o agronegócio estão sendo bem sucedidas, apesar das dificuldades impostas pela crise do coronavírus. Ele acrescenta que o crédito rural cresceu 10,6% no ano agrícola 2019/2020.
O destaque, segundo o presidente do BC, foi o crédito a agricultores familiares, que teve alta de 23,9%.
— Mesmo durante a crise atual o BC vem atuando em diversas frentes para apoiar o setor agropecuário e com vistas à modernização do crédito rural — afirmou ele, em depoimento gravado em 9 de julho e exibido nesta segunda-feira no Congresso.
Campos Neto lembrou que o governo autorizou recentemente a prorrogação do reembolso das operações de crédito rural, de custeio e investimento, e a contratação de financiamento para garantia de preços ao produtor. Também foram criadas linhas especiais de crédito para pequenos e médios agricultores, frisou o presidente do BC.
Em sua fala, Campos Neto lembrou ainda que títulos relacionados ao financiamento do agronegócio agora podem ser emitidos e registrados de forma eletrônica e avaliou que isso, após regulamentação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), deverá tornar o mercado de crédito privado mais seguro, transparente e ágil e com custo de registro mais baixo.