Em delação premiada que vazou para a mídia conservadora, na última semana, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, disse à Polícia Federal (PF) que o então presidente consultou os comandantes das Forças Armadas, logo após a derrota no segundo turno das eleições passadas, sobre a possibilidade de um golpe de Estado.
Por Redação – de Brasília
Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Jair Bolsonaro (PL), o general Augusto Heleno foi chamado a prestar depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro (8/1) na próxima terça-feira. Heleno foi um dos principais fiadores de Bolsonaro no meio militar, ao longo da última campanha eleitoral.
O general Augusto Heleno, na reserva, foi um dos militares mais ativos na trama golpistaEm delação premiada que vazou para a mídia conservadora, na última semana, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, disse à Polícia Federal (PF) que o então presidente consultou os comandantes das Forças Armadas, logo após a derrota no segundo turno das eleições passadas, sobre a possibilidade de um golpe de Estado.
O depoimento do ex-ministro à CPMI está aprovado desde 13 de junho, mas foi marcado após a repercussão dos trechos da delação de Cid. O general era um dos mais influentes e mais próximos ministros de Bolsonaro, com defesas sempre enfáticas do governo mesmo em situações constrangedoras para as Forças Armadas.
Detenção
De acordo com a relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o general “trará informações de enorme valia para a condução dos nossos futuros trabalhos na presente comissão”.
Cid relatou ainda aos interrogadores que, após a derrota eleitoral, Bolsonaro teria recebido uma minuta golpista das mãos de Filipe Martins, que foi assessor especial da Presidência para assuntos internacionais. Segundo o relatório, a partir da delação do tenente-coronel, o documento autorizava novas eleições no país e previa a detenção imediata de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre outros adversários.
Na reunião desta terça-feira, na CPMI do 8/1, serão avaliados também os requerimentos apresentados pela relatora, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e pelos deputados Rogério Correia (PT-MG), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Duarte Júnior (PSB-MA). A CPMI tentava um acordo entre os integrantes da Comissão para estabelecer a pauta da sessão do dia seguinte. Governistas e oposição buscam votar em bloco um conjunto de requerimentos. Os detalhes exatos serão decididos em reuniões que ocorrerão até o momento da sessão, que está marcada para às 9h.
Quebra de sigilo
Além do almirante Garnier, a relatora Eliziane Gama também solicitou a convocação do general Marco Antônio Freire Gomes, do ex-comandante da Força Aérea Brasileira, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, e do ex-ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, para depor à CPMI e esclarecer os acontecimentos da reunião golpista.
Eliziane Gama também requisitou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do almirante Garnier. A medida aguarda a aprovação da CPMI e o agendamento desses pedidos pelo presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA).