Em entrevista à agência russa de notícias Sputniknews, o professor do Instituto de Economia da UNICAMP, Mariano Francisco Laplane, comentou o desempenho do governo de Jair Bolsonaro na economia brasileira.
Por Redação, com Sputniknews – do Rio de Janeiro
No decorrer da campanha eleitoral, Jair Bolsonaro propôs um abrangente programa de reformas econômicas, prometendo tirar o país da crise. Porém, passado o primeiro trimestre no poder, as previsões econômicas para o Brasil estão longe de serem positivas.
Ex-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes critica o PT, mas também define o governo Bolsonaro como um grande erro políticoEm entrevista à agência russa de notícias Sputniknews, o professor do Instituto de Economia da UNICAMP, Mariano Francisco Laplane, comentou o desempenho do governo de Jair Bolsonaro na economia brasileira, avaliando os desafios e prováveis resultados dos mesmos.
De acordo com ele, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro conseguiu “vender a imagem” de que saberia como recuperar a economia nacional.
— A eleição de Jair Bolsonaro tinha sido, em parte, resultado da promessa que ele fez de fazer a economia crescer muito, e muito rápido, sair da crise. Ele conseguiu vender essa imagem de que saberia tirar a economia da crise — critica.
Ciro gomes
O economista reforçou que, embora ainda seja muito cedo para julgar os resultados da influência do novo governo sobre a economia, o desempenho de até agora “é muito frustrante”, justificando que os dados preliminares do primeiro trimestre do governo Bolsonaro mostram que os sinais fracos de recuperação reverteram.
Em linha com o pensamento do economista Laplane, o terceiro colocado na eleição presidencial de 2018, Ciro Gomes, do PDT, ainda à Sputniknews, afirma que a confusão em torno da política brasileira, atualmente, não deve ser vista pela população como um acidente. Ciro acredita que este é o resultado de um permanente erro de modelo econômico, com origem no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Para ele, sua função hoje seria a de ajudar o povo a entender como consertar esse caminho, embora o cenário que se apresenta seja bastante pessimista.
— Não sei nem se vou estar vivo em 2022. E o Brasil de 2022, pode acreditar, com a minha experiência, será um país profundamente diferente desse que nós temos hoje. Infelizmente, eu não estou vendo essa diferença como uma melhoria para a vida do povo.
Esperança
Há uma confusão, como eu já disse, muito grande, o governo é formado de lunáticos, gente muito incompetente, muito despreparada. Não há comprometimento nenhum com o interesse do povo, com o interesse nacional.
Tudo que se fez até agora revela uma incapacidade profunda de oferecer uma estratégia de desenvolvimento para o país. De maneira que a gente precisa ajudar o povo a transformar a justa queixa e a revolta que está crescendo no Brasil num projeto de esperança de que a gente possa colocar uma coisa nova no lugar — afirmou.
Ciro também justificou a sua ausência no segundo turno, em um eventual apoio a Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores, dizendo que não queria fazer campanha ao lado de pessoas que ele considera responsáveis por sérios problemas que estão acontecendo no país.
— Essa quadrilha fez muito mal ao Brasil e eu não quero mais andar com eles na política. Não quero dizer o PT, porque o PT tem um lado muito bom, que eu respeito — afirmou.
Indignação
Segundo o ex-governador do Ceará, no entanto, “quem manda no PT é o lado bandido”.
— E aí, eu, evidentemente de cabeça quente, porque ver um cara como Bolsonaro ser eleito, francamente, dói muito no coração… Mas eu, imediatamente, vejo que não é culpa do nosso povo, que eu não posso desertar da luta. E transformo a minha indignação em trabalho — completa.