Em seu primeiro pronunciamento desde que anunciou que vai concorrer a novo mandato, chanceler alemã não cita Trump, mas reconhece que populistas ganham espaço nas democracias ocidentais
Por Redação, com DW – de Berlim:
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, fez um apelo aos alemães nesta quarta-feira para que não cedam ao “populismo em expansão”. Foi o primeiro pronunciamento da chefe de governo desde que ela anunciou, no domingo, sua candidatura a um quarto mandato.

A chanceler alemã, Angela Merkel, em discurso no Parlamento
As declarações de Merkel foram feitas durante um debate realizado no Parlamento sobre o Orçamento do país para 2017. Sem mencionar o presidente eleito nos Estados Unidos, Donald Trump. A chanceler falou em “receios sobre a estabilidade da ordem a que estamos acostumados.”
– Creio que não devemos subestimar isso que está acontecendo com a digitalização e com a internet”, disse a governante, para quem “o populismo e o extremismo político vivem um momento de ascensão nas democracias ocidentais.
– Atualmente, há muita gente que consulta mídias baseadas em regras bem diferentes dos critérios jornalísticos em vigor até pouco tempo atrás. Não digo que essas são as únicas razões (para o aumento do populismo). Mas gostaria de salientar que a maneira pela qual se forma opinião hoje em dia acontece de forma diferente do que há 25 anos – acrescentou.
Líder alemã
A líder alemã salientou que a Internet, através da digitalização, modificou completamente a mídia. Com muitas informações falsas circulando na rede sem a devida averiguação jornalística, o que favoreceria a manipulação.
Merkel também chamou a atenção para a existência de notícias falsas criadas deliberadamente. Além de métodos automatizados de manipular a opinião. Para a chanceler, valores como liberdade, ordem e lei não são mais vistos como normal.
Um dos caminhos para lidar com esse fenômeno seria por meio de legislação. Disse Merkel, referindo-se a mensagens de ódio espalhadas pela Internet.
No último domingo, Merkel anunciou a intenção de concorrer a um quarto mandato como chanceler da Alemanha. Numa decisão recebida como sinal de estabilidade. Após o Reino Unido ter votado para deixar a União Europeia e a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.
Ao longo do ano, o partido de Merkel sofreu uma série de reveses em eleições estaduais. Enquanto aumentou o apoio à legenda Alternativa para a Alemanha (AfD), que tem discurso anti-imigração.
Uma pesquisa do instituto Emnid divulgada no domingo mostrou que 55% dos alemães querem que Merkel, a oitava chanceler da Alemanha desde a Segunda Guerra, sirva um quarto mandato; 39% são contra.
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