Em cinco anos de guerra civil, mais de 17 mil detentos morreram em cárceres do regime, aponta relatório. Organização classifica abusos de crimes contra a humanidade
Por Redação, com DW – de Genebra:
As autoridades sírias estão cometendo tortura numa “escala massiva” em prisões governamentais, incluindo espancamento e abuso sexual e psicológico, configurando crimes contra a humanidade, afirmou a organização Anistia Internacional nesta quinta-feira.

Prisioneiros sírios em tribunal em Damasco, em 2012
Estima-se que mais de 17 mil detentos tenham morrido em prisões do regime sírio, em consequência de tortura, doenças e outras causas, desde que a guerra civil teve início no país, em março de 2011, disse a Anistia em relatório. Isso significa uma média de mais de 300 mortes por mês.
O documento inclui entrevistas com 65 sobreviventes de tortura, que descreveram abusos e condições desumanas. A maioria disse ter testemunhado pelo menos uma morte na prisão. Métodos de tortura citados incluem choques elétricos, retirada de unhas, queimaduras com cigarros e abuso sexual contra homens e mulheres.
– Eles nos tratavam como animais. Eles queriam que as pessoas fossem o mais desumanas possível – disse um ex-detento, identificado como Samer e que foi preso ao transportar ajuda humanitária.
O acesso a alimentos, água e saneamento é frequentemente restrito, e surtos de sarna e piolho prosperam juntamente com doenças, aponta o relatório.
Histórias de horror
– O catálogo de histórias de horror contidas neste relatório retratam em detalhes pavorosos os abusos terríveis sofridos rotineiramente por detentos, do momento em que são presos aos interrogatórios e à detenção a portas fechadas – afirmou Philip Luther, diretor do programa da Anistia Internacional para o Oriente Médio e o Norte da África.
– A jornada é frequentemente letal – disse, pedindo que a comunidade internacional priorize tais abusos em conversas tanto com o governo quanto com grupos armados sírios.
Segundo a Anistia, dezenas de pessoas desapareceram nos presídios sírios, fazendo com que o verdadeiro número de mortos seja ainda maior. De acordo com a organização, qualquer um que seja visto como um opositor do regime está sujeito à detenção arbitrária, tortura, desaparecimento forçado e morte no cárcere.
Em cinco anos, a guerra civil síria deixou mais de 250 mil mortos e metade da população do país deslocada, gerando mais de 4,8 milhões de refugiados.
O post Anistia Internacional denuncia tortura em prisões na Síria apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.