O encontro teve início na quinta-feira e encerra-se neste sábado em Borgo Egnazia, na região da Puglia, no sul da Itália.
Por Redação, com agências internacionais – de Roma
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs, nesta sexta-feira, a instituição de uma governança global e representativa para temas relativos à Inteligência Artificial (IA), para que seus benefícios sejam “compartilhados por todos”.

— As instituições de governança estão inoperantes diante da realidade geopolítica atual e perpetuam privilégios — afirmou Lula, durante a sessão de engajamento externo da Cúpula do G7, reunião de líderes de sete das maiores economias do mundo.
O encontro teve início na quinta-feira e encerra-se neste sábado em Borgo Egnazia, na região da Puglia, no sul da Itália. A sessão de trabalho começou com os discursos da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e do papa Francisco.
Transição
Para o presidente brasileiro, os desafios atuais envolvem a condução de uma revolução digital inclusiva e o enfrentamento das mudanças do clima. Nesse sentido, segundo ele, a Inteligência Artificial pode potencializar as capacidades dos Estados de adotarem políticas públicas para o meio ambiente e contribuir para a transição energética.
— Precisamos lidar com essa dupla transição tendo como foco a dignidade humana, a saúde do planeta e um senso de responsabilidade com as futuras gerações. Na área digital, vivenciamos concentração sem precedentes nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, sediadas em um número ainda menor de países. A Inteligência Artificial acentua esse cenário de oportunidades, riscos e assimetrias — afirmou.
Para o presidente, qualquer uso da Inteligência Artificial deve respeitar os direitos humanos, proteger dados pessoais e promover a integridade da informação.
— Uma Inteligência Artificial que também tenha a cara do Sul Global (países do Hemisférios Sul, considerados em desenvolvimento), que fortaleça a diversidade cultural e linguística e que desenvolva a economia digital de nossos países. E, sobretudo, uma Inteligência Artificial como ferramenta para a paz, não para a guerra. Necessitamos de uma governança internacional e intergovernamental da Inteligência Artificial, em que todos os Estados tenham assento — acrescentou.
África
No segmento de engajamento externo deste ano, foram discutidos, entre outros, os temas de Inteligência Artificial e de energia, bem como a cooperação com a África e no Mar Mediterrâneo. Para Lula, os africanos são parceiros indispensáveis e devem ser considerados no enfrentamento dos desafios globais.
— Com seus 1,5 bilhão de habitantes e seu imenso e rico território, a África tem enormes possibilidades para o futuro. A força criativa de sua juventude não pode ser desperdiçada cruzando o Saara para se afogar no Mediterrâneo. Buscar melhores condições de vida não pode ser uma sentença de morte — pontuou, em referência às mortes de migrantes no Mar Mediterrâneo.
Ainda segundo o presidente brasileiro, “muitos países africanos estão próximos da insolvência e destinam mais recursos para o pagamento da dívida externa do que para a educação ou a saúde”.
— Isso constitui fonte permanente de instabilidade social e política. Sem agregar valor a seus recursos naturais, os países em desenvolvimento seguirão presos na relação de dependência que marcou sua história. O Estado precisa recuperar seu papel de planejador do desenvolvimento — concluiu o presidente.