A Oxfam, descrevendo essa desigualdade como “obscena”, disse que se os novos dados estivessem disponíveis antes, teriam mostrado que, em 2016, a riqueza de oito pessoas é a mesma de 3,6 bilhões que compõem a metade mais pobre da humanidade
Por Redação, com Reuters – de Davos, Suíça
Apenas oito indivíduos, todos homens, e brancos, possuem tanto dinheiro quanto a metade mais pobre da população mundial. A constatação está no relatório apresentado, nesta segunda-feira, pela Oxfam. O documento pede por ações que reduzam os ganhos daqueles que já estão no topo.
Em um momento no qual políticos e muitos bilionários se reúnem para o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, o relatório da ONG sugere que a desigualdade de renda está maior do que nunca. Novos dados para China e Índia indicam que a metade mais pobre da população mundial possui menos recursos do que anteriormente estimado.
A Oxfam descreveu essa desigualdade como “obscena”. No relatório, disse que se os novos dados estivessem disponíveis antes, teriam mostrado que, em 2016, oito pessoas possuem o mesmo que as 3,6 bilhões que compõem a metade mais pobre da humanidade. Antes, era estimado que 62 pessoas correspondessem a essa parcela da população.
A riqueza das elites
Em 2010, foram necessários os ativos combinados das 43 pessoas mais ricas do mundo para se igualar às riquezas somadas dos 50% mais pobres, de acordo com os mais recentes cálculos. A desigualdade tem movimentado a agenda internacional nos últimos anos. Inclusive tendo o papa Francisco entre aqueles que alertaram sobre seus efeitos corrosivos. Ao passo que um ressentimento com as elites tem ajudado a motivar um surto no populismo político.
— Vemos muita preocupação, e claramente a vitória de Trump e o Brexit deram novo ímpeto a isso neste ano. Mas há uma falta de alternativas concretas. Há maneiras diferentes de gerenciar o capitalismo que poderiam ser muito, muito mais benéficas para a maioria das pessoas — disse Max Lawson, chefe de políticas da Oxfam.
A Oxfam pediu em relatório para que se reprimisse evasão fiscal e por uma mudança no chamado capitalismo acionário “sobrecarregado”. O sistema recompensa desproporcionalmente os ricos. Enquanto muitos trabalhadores lutam com rendas estagnadas, a riqueza dos super ricos tem crescido uma média de 11% ao ano desde 2009.
‘Grande filantropia’
Bill Gates, homem mais rico do mundo e rotineiro frequentador de Davos, viu sua fortuna crescer em 50%. É o equivalente a US$ 25 bilhões, desde que anunciou planos de deixar a Microsoft em 2006. Durante o período, Gates tem feito esforços para se desfazer de grande parte dessa riqueza.
Embora Gates exemplifique como a riqueza excessiva possa ser reciclada para ajudar os pobres, a Oxfam acredita que a “grande filantropia” não ajuda a solucionar o problema fundamental.
— Se bilionários escolherem dar seu dinheiro, essa é uma coisa boa. Mas a desigualdade importa e você não pode ter um sistema onde bilionários estão sistematicamente pagando menos impostos do que suas secretárias ou seus faxineiros — disse Lawson. A Oxfam baseou seus cálculos em dados do banco suíço Credit Suisse e da revista Forbes.
Os oito indivíduos nomeados no relatório são Gates; Amancio Ortega, fundador da Inditex e o investidor veterano Warren Buffett. O magnata mexicano Carlos Slim; o chefe da Amazon, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg, do Facebook. Larry Ellison, da Oracle, e o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg.
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