A decisão dos petistas, no Diretório Nacional, definida em reunião com a presença do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva
Por Redação – de São Paulo
A eleição para as mesas diretoras da Câmara e do Senado abriu uma nova divisão no Partido dos Trabalhadores (PT). Principal partido na oposição ao golpe de Estado, deflagrado em Maio do ano passado, a legenda liberou seus parlamentares. Com isso, poderão votar e ser votados nas chapas formadas pelas legendas que articularam e realizaram a ruptura democrática.

A senadora Gleise Hoffmann (PT-PR) integra o grupo dissidente. Os petistas discordam da decisão de integrar chapas formadas por conservadores
A decisão dos petistas, no Diretório Nacional, foi definida em reunião com a presença do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. A votação que definirá os novos presidentes das Casas congressuais está marcada para os dias 1º, no Senado, e 2 de fevereiro, na Câmara.
Chapa dos petistas
Inconformado com a decisão da legenda, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) apoia a criação de uma chapa de oposição para a disputa da Presidência da Câmara e do Senado. Em vídeo divulgado neste fim de semana, Lindbergh faz um apelo à militância do PT e dos demais partidos de esquerda para reverter a decisão petista de compor chapa com o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).
— A batalha ainda não acabou. A gente tem de criar um movimento de baixo para cima para a criação de uma chapa de oposição, demarcar campo, mostra identidade política neste momento — disse.
Segundo Lindbergh, 95% da base do PT são contrários à composição da chapa com Maia e Eunício. O parlamentar afirmou que a tese de ter espaço na mesa significa definir a pauta “não vale o preço” e nem se sustenta.
— É mentira. Quem define a pauta é o presidente da mesa — discorda.
‘Cretinismo parlamentar’
No discurso, o senador afirma que mundo não gira em torno do parlamento, como muitos parlamentares passam a acreditar. Ele classifica essa atitude como “cretinismo parlamentar”. Por isso, passou a propor o levante da militância de esquerda dos movimentos sociais.
— Em 2017, é fundamental nosso pessoal entrar com sangue nos olhos, lutando, indo para as ruas, gritando ‘fora Temer’, ‘diretas já’, defendendo Lula. Ou alguém acha que vamos barrar a reforma da Previdência só no parlamento? A correlação de forças lá é muito desfavorável. A gente tem de priorizar as lutas sociais — acrescentou.
Dissidente
A linha de atuação do partido, defendida por Lindbergh, reproduz-se nas outras esferas do Legislativo. O deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) soma esforços com parlamentares como Lindbergh e Gleisi Hoffmann (PT-PR). São contrários a qualquer tipo de aliança na Câmara e no Senado com políticos que apoiaram o golpe parlamentar de 2016.
Correia cita, nominalmente, Eunício e Rodrigo Maia. A negociação, no Parlamento, gira em torno de trocas de postos nas mesas diretoras do parlamento.
— Petista não vota em golpista — diz ele.
Resolução
Na contramão dos dissidentes, a direção nacional do PT afirma, na resolução publicada, que “cabe às bancadas, por consenso ou por decisão de maioria, pautar o voto em torno dos compromissos elencados (…). Expressando publicamente, de forma unitária e transparente, as razões da escolha”. Presidente nacional da legenda, o jornalista Rui Falcão, explicou a decisão.
— Não há indicação de apoio a nenhum dos candidatos inscritos ou que venham a se inscrever eventualmente. O que há é um conjunto de condições e circunstâncias que nós acreditamos para participar da mesa das duas Casas — concluiu.
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