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Aposentadoria na hora da morte?

December 21, 2016 22:14 , by Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Se é para dar aposentadoria para quem vai logo morrer é melhor já se instituir o retorno à escravidão mas com direito a casa e comida. A esperança média de vida do brasileiro é de 75,2 anos, porém quem trabalhou no pesado morre antes. Vamos repensar essa reforma da Previdência Social?

Por Rui Martins, de Genebra:

Todo cidadão tem o direito de viver ao receber sua aposentadoria

Todo cidadão tem o direito de viver ao receber sua aposentadoria

Não conheço o texto integral das reformas propostas ou previstas, mas segundo críticas que me chegaram aqui na Suíça, propõe-se 49 anos de trabalho para o postulante da aposentadoria integral.

E eu pergunto, contados a partir de quando? Da idade do trabalhador infantil no interior? Ou dos adolescentes?

Porque se for a partir de um primeiro emprego aos 18 anos, teremos a aposentadoria aos 67 anos, proposta feita pelo ministro socialista (!)aqui na Suíça, onde a esperança de vida é por volta de 85 anos.

Se for a partir do primeiro emprego de um universitário vai ficar entre 69 e 74 anos, num país onde a esperança de vida é de 75,2 anos, segundo a Fundação Getúlio Vargas.

Na melhor das hipóteses, o cidadão comum irá se beneficiar de apenas oito anos como aposentado. E se tiver uma aposentadoria com valor inferior ao salário integral aos 65 anos, terá apenas 10 anos de vida com restrições econômicas e doenças pela frente.

Em síntese, estão querendo imitar os projetos da Europa, no caso a Alemanha e a Suíça, esquecendo ou ignorando a nossa realidade em questão de esperança de vida e de vida útil possível após uma aposentadoria tardia.

Não, não é por aí que nosso País está indo para o precipício. É incrível como, no momento de se decidir medidas de economia, se pensa imediatamente em como se cortar do lado dos pobres. Não é se pagando aposentadoria de salário mínimo para a grande maioria de brasileiros, que morrem logo vítimas das doenças contraídas e maltratadas ou de má alimentação, que nossa previdência social irá à falência.

Vamos ser mais inventivos e procurar outras soluções. No mundo temos evoluído em tudo mas, no Brasil, na hora de se fazer as contas do orçamento é sempre a mesma fórmula de quase cem anos atrás.

O economista francês Thomas Piketti se confessou surpreso em São Paulo ao constatar que o governo se defrontava com uma crise econômica (era a época da Dilma) mas sem ter coragem de criar alguns impostos salutares, utilizados até por países europeus de direita – o imposto sobre fortuna e o imposto sobre as sucessões.

Ou seja, tirando-se um pouco do que sobra dos mais abastados, não haverá razão para se preocupar com as miseráveis aposentadorias pagas à maioria da população. E se é para se diminuir o tempo de benefício da aposentadoria para quem trabalha pesado, é melhor se reinstaurar a escravidão com casa e comida pagas.

Não é só na tecnologia que surgem novas invenções, no terreno social também – existem ideias que estão germinando para valerem e serem a resposta certa dentro de um ou dois séculos. O comunismo falhou e o capitalismo tem se tornado ainda mais voraz.

Por que não se adotar em lugar dessa aposentadoria padrão, um salário básico justo para todos, suficiente para uma vida digna, ao qual os mais criativos poderão acrescentar outro salário ou outros rendimentos?

A proposta de um salário básico universal, que poria fim a todos os problemas de sobrevivência do maior segmento da população, foi rejeitada este ano na Suíça, mas está sendo experimentada na Finlândia.

A outra vertente no meu entender, tendo em vista o avanço da automatização e da robotização é a de se revolucionar a plataforma das propostas políticas sociais. Caso contrário haverá cada vez mais desemprego e uma pauperização das populações.

E tanto as jornadas de trabalho como a idade para a aposentadoria (se não houver ainda o salário básico universal) deverão ser diminuídas, para as pessoas se beneficiarem com a robotização e não serem fraudadas e prejudicadas.

Semanas de vinte horas de trabalho e aposentadoria aos 50 anos. Para mim, isso sim será uma solução revolucionária. Esse o mundo do futuro ou não teremos futuro.

Rui Martins, jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro Sujo da Corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A Rebelião Romântica da Jovem Guarda, em 1966. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil, e  RFI.

Editor do Direto da Redação.

 

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