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Atletas paralímpicos destacam papel da bocha na volta por cima

Settembre 13, 2016 12:04 , by Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Terminar a paralimpíada com uma medalha no peito é, para qualquer atleta, a sensação de um trabalho bem feito, do dever cumprido

Por Redação, com ABr – do Rio de Janeiro:

Terminar a paralimpíada com uma medalha no peito é, para qualquer atleta, a sensação de um trabalho bem feito, do dever cumprido. Quando deixaram o pódio na tarde de segunda-feira, Dirceu Pinto, Eliseu dos Santos e Marcelo dos Santos também cumpriram mais uma etapa de um objetivo traçado por eles: divulgar a bocha adaptada e mostrar que a vida não termina quando a cadeira de rodas começa.

 Brasileiros Antônio Leme, Evelyn de Oliveira e Evani Soares da Silva disputam final da bocha BC3 contra equipe da Coreia do Sul nos Jogos Paralímpicos Rio 2016

Brasileiros Antônio Leme, Evelyn de Oliveira e Evani Soares da Silva disputam final da bocha BC3 contra equipe da Coreia do Sul nos Jogos Paralímpicos Rio 2016

– Espero que, por meio das medalhas que têm sido conquistadas, abram-se as portas para que as pessoas deficientes que estão trancadas dentro de casa, pessoas que têm a mobilidade reduzida, que elas possam praticar a bocha, que possam voltar ao convívio da sociedade e praticar um esporte – disse Marcelo dos Santos.

Dirceu, ouro em Pequim e Londres, e prata no Rio, descobriu na bocha uma forma de voltar à ativa. Ele sofre de distrofia pélvica de cinturas, doença degenerativa que lhe tirou a força das pernas. “Muitas pessoas ficam dentro de casa e não conhecem os esportes paralímpicos ainda. De 19 aos 22 anos eu só ficava em casa, com depressão. Quando conheci a bocha, minha vida mudou”.

Ele usa o próprio exemplo para motivar outras pessoas a descobrirem o esporte e mudar de vida. “Para mim, é especial divulgar essa modalidade porque temos paralisados cerebrais graves, que não conseguem nem falar, lesados medulares, que ficam só em casa, vendo a vida passar. Quando a pessoa conhece a bocha, a vida dela tem de novo um sentido. Eu viajo o Brasil e o mundo todo trazendo resultados para o nosso país. Dou essa medalha de prata para todos os brasileiros, com ou sem deficiência”.

Esporte como terapia

Eliseu e Marcelo são irmãos. Os dois sofrem da mesma doença, a distrofia muscular progressiva. Eles usam o esporte para auxiliar, junto com o tratamento médico e a fisioterapia, a frear a evolução da doença, que encurta os membros. “A bocha é um esporte que as pessoas com maior grau de comprometimento podem praticar, podem ir para uma paralimpíada. Nosso objetivo é que mais pessoas possam sair de casa, praticar o esporte ou simplesmente praticar o esporte socialmente e estar aqui com a gente”, disse Eliseu.

Evani da Silva joga na categoria BC3, para paralisados cerebrais com maior comprometimento dos movimentos. Ela usa um capacete com uma vareta para empurrar a bola por uma calha, além de ser ajudada por outra pessoa. Ela começou a praticar o esporte em 2010 e seis anos depois deixou a Arena Carioca 2 com uma medalha de ouro no peito.

– Para mim, o importante é mostrar que nada é impossível. Há atletas com mobilidade muito mais reduzida e que jogam. A gente mostra para ninguém ficar em casa. Corram atrás dos seus sonhos, busquem o que vocês querem.

Evelyn de Oliveira tem atrofia muscular espinhal, não tendo movimentos nos membros inferiores. Evelyn saía pouco, limitava sua convivência social aos estudos. Quando conheceu a bocha, aos 22 anos, mudou sua maneira de encarar a vida e leva para casa a primeira medalha de ouro em paralimpíada.

– Eu sou um exemplo vivo, o esporte foi uma ferramenta transformadora na minha vida. Eu vivia essa realidade da pessoa com deficiência, dentro de casa, só estudava, não tinha muito contato com a sociedade. Passei a praticar o esporte e descobri que limites que eu acreditava que tinha, na verdade não existiam.

BC3 da bocha

O Brasil conquistou na segunda-feira um ouro inédito na classe BC3 da bocha adaptada. A medalha veio depois de uma partida muito disputada contra a Coreia do Sul. A torcida, que foi chegando aos poucos à Arena Carioca 2, cantou, gritou, vibrou e até brigou com o juiz, que puniu ao time brasileiro após uma jogada na última parcial.

Ao som dos gritos de “Brasil” vindos das arquibancadas, o paratleta Evani da Silva adorou jogar com a torcida a seu favor. “Isso foi sensacional, adorei. Nunca numa partida de bocha tem essa barulheira toda. E incentivou mais ainda, deu mais gás para irmos atrás mais ainda e deu mais gás para correr atrás e a gente conseguiu.”

O Brasil venceu a primeira parcial por 3 a 0, vantagem foi importante nas duas etapas seguintes, quando a Coreia do Sul conseguiu fazer dois pontos. A quarta e última parcial foi polêmica. Após os coreanos posicionarem uma bola difícil de tirar, muito próxima da bola branca, Evelyn de Oliveira conseguiu uma bela jogada e afastou a bola coreana, mas o árbitro invalidou o lançamento. Depois de mais de cinco minutos de conversa com os dois times, a punição foi confirmada, sob muitos protestos da torcida.

A calha, utilizada para que os atletas com menor mobilidade possam jogar a bola, deveria ter sido movida entre uma jogada e outra, o que, segundo o árbitro, não aconteceu. Mesmo assim, o time brasileiro conseguiu outra boa jogada e afastou a bola adversária da bola branca.

Sem mais bolas a jogar, restava aos brasileiros torcer para que o adversário não conseguisse reverter o posicionamento da bola branca. A cada bola coreana que passava longe do alvo, a comemoração de um gol ecoava das arquibancadas. Final de jogo, Brasil 5 a 2 e o Hino Nacional tocado na Arena Carioca 2.

– É fantástico viver essa experiência no Brasil, jogar com os melhores do mundo. Estou extremamente feliz e agradecendo a Deus por ele reservar esse presente para a gente – disse Evelyn.
Logo após a conquista, o capitão da equipe, Antônio Leme, que fala com muita dificuldade e é ajudado por seu irmão, Fernando, disse que não estava acreditando na medalha.

Fernando é o calheiro de Antônio. É ele que posiciona a calha, sob orientação do irmão, para que a bola seja lançada na direção desejada. O calheiro precisa ficar de costas para a quadra, olhando apenas para o atleta e seguindo suas orientações de posicionamento. O final da partida foi particularmente angustiante para Fernando.

– Se já é difícil para ele que está vendo (a quadra), imagine para mim, que está de costas. É difícil, eu só ouvia o barulho da torcida. A cada barulho era um erro deles, mais um barulho, mais outro, até que acabaram as bolas e a medalha era nossa.

Esporte adaptado

Na bocha, o objetivo é lançar as bolas coloridas o mais perto possível da bola branca. É permitido usar as mãos, os pés, instrumentos de auxílio e até ajudantes no caso dos atletas com maior comprometimento dos membros. Cada time lança seis bolas por rodada e precisa aproximar sua bola da bola branca e também afastar a do time adversário.

Os atletas são classificados como CP1(deficiência mais severa) ou CP2 e divididos em quatro classes. Na BC1, estão atletas CP1 ou CP2 com paralisia cerebral que podem competir com auxílio de ajudantes. Na BC2, atletas CP2 com paralisia cerebral que não podem receber assistência. Na BC3, aqueles com deficiências muito severas e que usam um instrumento auxiliar, podendo ser ajudados por outra pessoa. A BC4, por sua vez, conta com atletas com outras deficiências severas, mas que não recebem assistência.

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Source: http://www.correiodobrasil.com.br/atletas-paralimpicos-destacam-papel-da-bocha-na-volta-por-cima/

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