O advogado Edgar Cahn ajudou a popularizar a ideia neocapitalista nos Estados Unidos nas décadas de 80 e 90 e ficou conhecido como o fundador do banco de tempo moderno, estabelecendo o termo TimeBank como marca registrada.
Por Redação, com DW – de Florianópolis
“Tempo é dinheiro.” E se a famosa frase, dita por Benjamin Franklin no século XVIII, fosse alterada para “tempo é vida”? Foi assim que ativistas ambientais e moradores de Florianópolis, em Santa Catarina, resolveram abordar a questão, há 9 anos.

O grupo, que se reunia periodicamente para discutir diversos temas, mudou ainda mais a percepção sobre dinheiro e sociedade depois de assistir ao filme ˆZeitgeist’ (‘Espírito da época’, em tradução livre do alemão), em que Peter Joseph lança um olhar crítico sobre a manipulação das massas por grandes instituições, governos e poderes econômicos. Inspirados por essa ideia, esses moradores e ativistas criaram, em setembro de 2015, o banco de tempo, uma rede solidária que transforma tempo em moeda, conectando pessoas e serviços.
— Já existia um banco pequeno em Garopaba, também em Santa Catarina, que se inspirou no de Portugal. Depois, trouxeram a ideia e adaptaram para Florianópolis — lembra Adriana Klin, bióloga e facilitadora do banco na capital catarinense.
TimeBank
O advogado Edgar Cahn ajudou a popularizar a ideia neocapitalista nos Estados Unidos nas décadas de 80 e 90 e ficou conhecido como o fundador do banco de tempo moderno, estabelecendo o termo TimeBank como marca registrada. Ele criou o conceito de timebanking, inicialmente chamado de time dollars, uma nova moeda de troca de tempo, e não dinheiro.
Hoje há bancos do tempo espalhados pelo mundo. Na Itália, por exemplo, iniciativas semelhantes começaram no início dos anos 90. Em 2002, a ideia chegou a Portugal, onde hoje há várias agências de banco de tempo. Não há uma contabilização oficial de quantos bancos como esse existem mundo afora.
No Brasil, o Banco de Tempo de Florianópolis (BTF) foi um dos primeiros e, atualmente, é considerado referência no país.
Facilitadoras
Foi no aniversário de um ano do banco que a instituição ganhou força. Moradores se reuniram para uma festa, que teve transmissão de uma emissora local, o que atraiu novos membros. “O grupo ficou, então, com mais de 10 mil pessoas”, relembra Klin. Ele funciona por meio de um grupo no Facebook, que hoje conta com mais de 20 mil participantes, em sua maioria mulheres.
Para participar, a pessoa deve solicitar o acesso ao grupo do Banco de Tempo de Florianópolis na rede social e, uma vez admitida pelos responsáveis da conta, precisa preencher um formulário com suas habilidades e dados pessoais.
— Geralmente, pedimos para cadastrar um talento que te realiza, que te deixa pleno. Essa habilidade nem sempre precisa estar envolvida com a questão de dinheiro. É algo que você desempenha muito bem — resume Gilvana da Silva Machado, uma das facilitadoras do BTF e que participa ativamente das trocas desde fevereiro de 2017.