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BC reduz juros mas medida não atenua recessão, afirma sindicalista

12 de Janeiro de 2017, 15:54 , por Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Segundo o presidente da CTB, Adilson Araújo, a redução dos juros “é insuficiente para destravar a economia. Se o BC diz que a inflação era o principal motivo para a alta dos juros é de se estranhar que os juros não caiam na mesma proporção da inflação”

 

Por Redação, com ACS/CTB – de São Paulo

 

Uma redução que pouco influenciará na conjuntura e que não mudará o cenário de crise que o Brasil vive hoje”, avaliou o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, ao comentar a redução da taxa de juros Selic anunciada nesta quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). De acordo com a nota, o Copom reduziu a taxa de juros de 13,75% para 13%. Mesmo com o corte, o país segue líder mundial de juros.

Presidente da CTB, Araújo aponta discrepâncias na política econômico em curso no país

Presidente da CTB, Araújo aponta discrepâncias na política econômico em curso no país e critica as últimas decisões do BC

Segundo ele, a redução “é insuficiente para destravar a economia. Se o BC diz que a inflação era o principal motivo para a alta dos juros é de se estranhar que os juros não caiam na mesma proporção da inflação”. E completou:

— Mesmo com a inflação em queda, os juros reais ainda são os mais altos do mundo. Não haverá alívio.

Heranças

Dados de taxa de juros nominal em relação à expectativa de inflação, coletados no IPEAdata, para o período de 2010 a 2016, comprovam uma relação desapartada entre os juros e a inflação.

— Para enfrentar a crise fiscal é preciso reduzir substancialmente a taxa de juros, reestruturar a dívida pública, combater a sonegação e realizar uma reforma tributária progressista que desonere o trabalho e tribute mais o capital financeiro, aumente o imposto sobre heranças, os lucros (sobretudo os obtidos com a especulação financeira) e taxe as remessas de lucros e dividendos ao exterior — afirma o dirigente sindical.

Araújo lembra que a crise, aqui como em todo o mundo, é uma produção do capitalismo e dos capitalistas.

— Lutaremos para que seja paga pelos ricos — disse.

O Brasil precisa crescer, mas a atual política monetária, em aliança com as políticas fiscal e cambial, tem sido o grande obstáculo à realização deste objetivo nacional.

Círculo vicioso

É bom registrar que a política de juros altos desestimula o investimento e é um dos principais fatores para o processo de desindustrialização que ocorre no Brasil. Ou seja, reduz o aumento da capacidade produtiva. Ao final, a economia não cresce e cria-se um círculo vicioso: a baixa oferta provoca mais inflação, que faz os juros subirem mais, que inibe novos investimentos, o que, ao final, leva a taxas de investimento mais baixas.

E mais, os juros altos também desestimulam o consumo. E sem ter consumidores, os empresários decidem reduzir sua produção, e diminuem as contratações. Mais gente sem emprego significa menos consumo, e o círculo vicioso se perpetuaria.

Araújo lembra que o Brasil segue ocupando o primeiro lugar no ranking dos países que possuem as maiores taxas de juros real, descontada a inflação.

— Os investimentos somente voltarão se houver consumo e redução do desemprego — acrescentou.

Juros básicos

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou mais uma vez as expectativas do mercado. Reduziu, novamente, na noite passada, a taxa básica de juros, desta vez com mais intensidade, em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano. Foi o terceiro corte seguido – os anteriores haviam sido de 0,25 ponto cada. A decisão foi unânime e sem viés.

A Selic permaneceu em 14,25% do final de julho de 2015 até outubro do ano passado, quando teve duas reduções antes da decidida nesta quarta (11), no encerramento da reunião do Copom. Os 13% significam o menor nível em quase dois anos, desde março/abril de 2015. Em termos reais, descontada a inflação, a taxa é de 6,31%, quase duas vezes maior que há um ano.

Já se esperava uma redução maior da taxa de juros devido às previsões de que a crise econômica vai durar mais do que se previa. O anúncio feito nesta quarta da inflação oficial (IPCA) de 2016, em 6,29%, abaixo do teto da meta, reforçou essa expectativa.

Política monetária

“O conjunto dos indicadores sugere atividade econômica aquém do esperado. A evidência disponível sinaliza que a retomada da atividade econômica deve ser ainda mais demorada e gradual que a antecipada previamente”, diz o Comitê, em nota divulgada ao término da reunião. “A inflação recente continuou mais favorável que o esperado. Há evidências de que o processo de desinflação mais difundida tenha atingido também componentes mais sensíveis à política monetária e ao ciclo econômico.”

No comunicado, o Copom diz que avaliou reduzir a taxa básica para 13,25%, sinalizando intensidade maior para a próxima reunião, marcada para 21 e 22 de fevereiro. “Entretanto, diante do ambiente com expectativas de inflação ancoradas, o Comitê entende que o atual cenário, com um processo de desinflação mais disseminado e atividade econômica aquém do esperado, já torna apropriada a antecipação do ciclo de distensão da política monetária, permitindo o estabelecimento do novo ritmo de flexibilização”.

Teto de gastos

Para o presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP), a redução é positiva, mas insuficiente. “Esperamos, agora, que esta queda anunciada pelo Copom seja o início de uma nova etapa, com juros mais baixos. Reduzir os juros é um primeiro e decisivo passo rumo à recuperação da economia nacional”, afirmou, em nota.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou a decisão acertada “diante da forte desaceleração da inflação e da frustração das expectativas de recuperação da atividade econômica”. Mesmo considerando a medida importante para a recuperação, a entidade acrescenta que “uma trajetória sólida de redução dos juros e a manutenção das taxas em patamares baixos no longo prazo dependem do avanço das medidas de ajuste fiscal”.

A CNI cita a emenda de teto de gastos, já aprovada, e a proposta de reforma da Previdência, em tramitação no Congresso.

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Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/bc-reduz-juros-medida-recessao-sindicalista/

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