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Berlim, nem Joaquim e nem Marcelo acharam o ouro

16 de Fevereiro de 2017, 18:38 , por Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Há um aspecto bastante positivo no filme Joaquim – é quando ele insere os escravos, que eram vítimas do colonizador mas igualmente dos brancos brasileiros que formariam mais tarde a elite branca dominante.

Por Rui Martins, do Festival Internacional de Cinema de Berlim:

Paradoxo: Tiradentes queria a independência mas não o fim da escravidão

Joaquim, o personagem principal do filme brasileiro no Festival Internacional de Cinema de Berlim, não achou o ouro tão desejado pelo colonisador português. Marcelo Gomes, o realizador, também não. Mas o filme tem um filão precioso: o de incorporar a presença negra, no relato do episódio histórico daquela que seria a primeira tentativa de rebelião contra Portugal.

Porque, geralmente, quando se fala em libertação brasileira da colonização portuguesa são esquecidos os escravos, submetidos tanto aos portugueses quanto aos brasileiros da elite branca em formação. Ao criar a figura imaginária de Preta, a mulher por quem se apaixonara Joaquim, o realizador Marcelo Gomes, criou na condição da escrava que  Joaquim não podia comprar, o fator detonador da revolta de Titadentes.

Como costuma ocorrer, as explicações e mesmo um certo debate do realizador com a crítica, na tradicional entrevista coletiva posterior à exibição do filme, completaram a compreensão de alguns aspectos da nossa colonização, não muito claros no filme. Durante algumas dezenas de minutos, o filme se perde no garimpo do ouro, tornando-se mesmo um documentário desnecessário.

Marcelo Gomes na apresentação do filme descreveu a colonização portuguesa com uma das piores, provocando explicações contrárias de um crítico de origem eritreia, que enumerou os excessos cometidos pelos italianos contra as populações africanas. A própria produtora portuguesa e um crítico português reagiram contra à má catalogação dos colonizadores portugueses. Na verdade, não existiram bons ou menos maus colonizadores, tanto espanhóis, holandeses, ingleses, italianos como franceses tratavam os colonizados como seres inferiores, igualando-se embora de maneiras diversas nas suas políticas e crueldades.

Embora critique o filme, convido a ouvir o anexo em MP3, minha declaração durante a entrevista coletiva sobre uma parte do filme bastante positiva- a participação do negro no processo da independência brasileira. clicar no anexo em MP3: 170216_002

Rui Martins está em Berlim convidado pelo Festival Internacional de Cinema.

O post Berlim, nem Joaquim e nem Marcelo acharam o ouro apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.


Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/berlim-nem-joaquim-e-nem-marcelo-acharam-o-ouro/

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