Cabral está preso há pouco mais de dois meses. Tempo suficiente para fechar o acordo que, em troca de uma redução na pena restritiva de liberdade, o levará a entregar seus cúmplices
Por Redação – do Rio de Janeiro
Ex-governador do Estado e atualmente presidiário em Bangu 8, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o jornalista Sérgio Cabral (PMDB) está moralmente quebrado. Chora alto, à noite. Incomoda os demais detentos na ala reservada aos presos com diploma de curso superior. Lamenta-se o tempo todo. Está pronto para a delação premiada proposta pela corte do juiz Sérgio Moro, em Curitiba. É lá que Cabral responde aos crimes apontados contra ele, na Operação Lava Jato.

A 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro expediu um novo mandado de prisão preventiva do ex-governador Sérgio Cabral
Cabral está preso há pouco mais de dois meses. Tempo suficiente para fechar o acordo que, em troca de uma redução na pena restritiva de liberdade, o levará a entregar seus cúmplices. A devolução de toda riqueza acumulada, ao longo das últimas décadas, também consta das exigências. Ao menos, aqueles bens conhecidos, como a mansão em Mangaratiba e o apartamento no Leblon. Sem contar jóias e demais ítens de valor.
Medo. Muito medo
Segundo interlocutores do peemedebista encarcerado, aos quais a reportagem do Correio do Brasil teve acesso, há plena intenção de colaborar e negociar sobre as exigências do Ministério Público Federal (MPF). Cabral teria recebido mais de US$ 100 milhões em propina. Apontado como chefe de uma quadrilha, ele e seus cúmplices desviaram “um oceano de propina”, segundo afirmou um dos delegados da Lava Jato.
Um dos principais motivos que animam Cabral a ‘dar com a língua nos dentes’, no jargão policial, é o medo de ser assassinado no presídio. O ex-governador enfrenta um ambiente hostil em Bangu 8, na Zona Oeste do Rio, onde cumpre uma das quatro prisões preventivas a que está submetido.
São poucas as possibilidades de deixar a cela, se continuar a seguir pela rotina jurídica, na tentativa de habeas corpus, comentam advogados que conhecem o processo. Avoluma-se a quantidade de provas contra ele, reunidas pela Procuradoria da República e a Polícia Federal.
Cabral acuado
Pesam contra Cabral três mandados de prisão. Dois expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, do Rio – nas operações Calicute e Eficiência –, e um pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba.
No acordo de delação premiada, Cabral ainda negocia a possibilidade de responder às ações penais em liberdade condicional. Com o uso de uma tornozeleira eletrónica. Ele quer que sua mulher, Adriana Ancelmo, também presa na Operação Calicute, siga para o regime aberto. Em dezembro, Moro aceitou a denúncia contra o ex-governador, a mulher dele e outros cinco suspeitos. Hoje, todos são réus na Lava Jato.
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