Na carta, Dilma reconhece a gravidade da crise, com desemprego, inflação e juros em alta, mas adverte para o fato de que apenas com alguém com a legitimidade do voto popular poderá levar o país adiante
Por Redação – de Brasília e Curitiba
A carta que a presidenta eleita Dilma Rousseff escreveu aos senadores e ao país recebeu seus últimos retoques, nesta segunda-feira, e deverá ser divulgada nas próximas horas. Trecho do documento ao qual a reportagem do Correio do Brasil teve acesso, nesta manhã, afirma que apenas um governo que tenha passado pelas urnas saberá encarar a crise econômica porque passa o Brasil e encontrar as soluções necessárias para iniciar um novo ciclo de desenvolvimento.

Dilma, que escreve uma carta ao Senado, enfrenta um golpe de Estado promovido por forças da extrema-direita no país
Na carta, Dilma reconhece a gravidade da crise, com desemprego, inflação e juros em alta, mas adverte para o fato de que apenas com alguém com a legitimidade do voto popular poderá levar o país adiante, para longe da recessão. Segundo Dilma, o governo do presidente de facto, Michel Temer, promove uma ofensiva junto ao setor empresarial com receio de perda de apoio na fase final do processo de impeachment. Mesmo no Congresso, no qual a maioria conservadora avalizou o golpe de Estado, em curso, Temer já encontra dificuldades para atender aos interesses dos diversos grupos que integram a sua frágil base aliada.
No texto, Dilma manteve a palavra golpe, reconhece que cometeu erros políticos ao longo de seus cinco anos à frente do governo, mas ainda não havia se decidido se insere, ou não, o chamado a uma nova eleição ou a um plebiscito, para definir se ela seguirá à frente do governo. Uma das duas opções, no entanto, constará do documento, segundo fontes ouvidas pelo CdB.
A presidenta, ao reconhecer que cometeu erros à frente do Planalto, reforça o argumento de que é inocente das acusações que lhes são atribuídas e promete adotar medidas capazes de promover o crescimento e a recuperação do emprego. Dilma ainda defende, com vigor, a reforma política. Ela ressalva, contudo, que compete ao Congresso a convocação de um novo pleito, mas adiante que apoiará a decisão, caso ocorra.
Carta otimista
Um dos principais pilares da resistência ao golpe, em curso no Congresso, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) recebeu na noite deste domingo, em sua residência na capital paranaense, os economistas Carlos Lessa e Plínio de Arruda Sampaio Júnior após debate realizado no Circo da Democracia, evento que debate a atual situação política e econômica do país. Aos convivas, o parlamentar repetiu que “o golpe não passará no Senado”.
Requião explicou aos economistas que os senadores foram liberados na votação do pronunciamento de juízo para evitar assédio.
— A (votação) que vale é a final, em 25 de agosto — afirmou.
O senador também afirmou a Plínio Sampaio e Lessa que a “Carta aos Senadores” terá impacto se mantida “uma sinalização concreta para a retomada do desenvolvimento, do emprego e dos investimentos públicos”, conforme noticiou um blog local.
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