Em três anos de investigações e 71 delações premiadas somente dois políticos utilizaram, até agora, o recurso do acordo judicial
Por Redação – de Brasília, Curitiba e São Paulo
A delação de 77 executivos da empreiteira Odebrecht tem levado altos funcionários de outras construtoras, envolvidas no processo da Operação Lava Jato, a buscar esse recurso na Justiça, com o objetivo de reduzir as penas previstas em Lei. Procuradores da República em Brasília, Curitiba e no Rio de Janeiro disseram a jornalistas que preveem um aumento da procura por delação premiadas. Além dos funcionários, assessores de políticos e parlamentares constam das consultas de advogados por este instrumento.
— O maior espaço que se existe hoje para delações é para assessores de políticos e políticos. Quanto antes eles procurarem por um acordo, mais benefícios podem obter — disse um delegado, que preferiu manter o anonimato.

Geddel teria consultados advogados sobre a possibilidade de prestar delações premiadas. Quer escapar das longas penas previstas nos processos aos quais responde
Em três anos de investigações e 71 delações premiadas somente dois políticos utilizaram, até agora, o recurso do acordo judicial. Um deles foi ex-líder do PT no Senado Delcídio Amaral. Ele prestou depoimento, após a prisão em flagrante, por suposta obstrução da Justiça. Outro foi o ex-presidente da Transpetro e ex-deputado Sérgio Machado. Neste caso, o presidente de facto, Michel Temer, foi citado como integrante de uma quadrilha montada para frear as investigações federais.
O ex-deputado federal Pedro Corrêa, ex-líder do PP, condenado no mensalão em 2012, e pelo juiz federal Sérgio Moro, no caso Petrobrás, em 2016, aguarda que sua delação seja homologada no Supremo Tribunal Federal (STF), pelo ministro Teori Zavaski.
Delações de Geddel
Braço esquerdo de Temer, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) também teria consultado seus advogados para o caso de uma delação premiada. Mas não é a primeira vez dele na barra dos Tribunais. Colocado na vice-presidência da Caixa Econômica Federal por Michel Temer, Geddel Vieira Lima terá todos os seus e-mails vasculhados pela Polícia Federal.
A Operação Cui Bono? (a quem interessa?) vai analisar mais de quatro anos de e-mails institucionais enviados e recebidos por Geddel. Há fortes indícios de fraudes na liberação de crédito do banco, onde o ex-ministro teria usado a influência do cargo para conferir vantagens a empresas que lhe pagavam propina.
Viera Lima (PMDB-BA) já se viu envolvido em investigações envolvendo outra instituição financeira. Há cerca de 30 anos, Geddel foi investigado pela suspeita de ter favorecido a si próprio e a três parentes quando exerceu o cargo de direção da corretora de valores do Baneb, que foi comprado pelo Bradesco em 1999.
Caso Baneb
Na época, os auditores do Baneb apontaram que Geddel estava envolvido em um esquema de desvios de recursos que favorecia alguns clientes por meio do uso de taxas de rentabilidade acima das praticadas pelo mercado. Os desvios podem ter chegado a R$ 2,2 milhões, segundo a Folha de São Paulo. Por conta do episódio, o peemedebista foi demitido do banco aos 25 anos de idade.
Além dele, também teriam disso beneficiados o ex-deputado Afrísio Vieira Lima (1929-2016), pai de Geddel e adversário do ex-governador e senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), a mãe de Geddel e o irmão Lúcio Vieira Lima, atual vice-líder do PMDB na Câmara do Deputados.
Além de ter sido investigado no caso Baneb e atualmente pela Cui Bono, Geddel guarda um extenso currículo. Ele esteve envolvido no chamado escândalo dos “anões do orçamento”. Na década passada, ele e 37 parlamentares foram acusados de envolvimento em manobras para manipular o orçamento. O esquema aprovava emendas parlamentares que beneficiavam empreiteiras.
Geddel também foi citado diversas vezes em depoimentos de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.
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