De acordo com o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudio Couto, o impedimento do atual ocupante do Palácio do Planalto seria a saída mais óbvia para esse segmento político tentar se manter no poder.
Por Redação, com RBA – de São Paulo
O sucesso de uma possível candidatura de centro-direita nas eleições do ano que vem depende do enfraquecimento do presidente Jair Bolsonaro. Isso porque o outro polo da disputa, da esquerda à centro-esquerda, está ocupado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme revelam as pesquisas de opinião.
Filiado ao PDT, o presidenciável Ciro Gomes tenta liderar o movimento conhecido como Terceira ViaDe acordo com o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudio Couto, o impedimento do atual ocupante do Palácio do Planalto seria a saída mais óbvia para esse segmento político tentar se manter no poder.
— A única viabilidade da terceira via é tirando o lugar de Bolsonaro — disse Couto, nesta segunda-feira, à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA).
Eleitorado
Para o analista, isso pode ocorrer de duas maneiras: ou por meio do impeachment de Bolsonaro; ou por conta do seu paulatino enfraquecimento até as eleições.
— Bolsonaro é um destruidor do país. A ninguém interessa chegar a 2022 com um sujeito como esse, arrebentando tudo o que vê pela frente, nas políticas públicas, nas instituições, na natureza e em tudo aquilo que é importante para a nossa existência — acrescenta Couto.
Sob outro ângulo, o analista afirma que esses grupos de centro-direita hoje pagam o preço da “antipolítica” que ajudaram a insuflar nos últimos anos. Além disso, falta um nome que empolgue o eleitorado.
São esses os fatores que explicam, segundo ele, a baixa adesão aos protestos contra Bolsonaro liderados por pré-candidatos da Terceira Via. Em São Paulo, contaram com a presença de nomes como do governador de São Paulo, João Doria, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). No entanto, o marcado antipetismo de alguns grupos presentes nessas manifestações – como MBL e Vem pra Rua – inviabilizou a adesão de setores da esquerda.
‘Pacificação’
Para Couto, também é questão de “minutos” para que Bolsonaro volte a atacar as instituições.
— Em breve, ele volta à carga. Sobretudo quando se sentir um pouco mais seguro e confortável — avalia o cientista político.
Couto afirma, ainda, que o que levou Bolsonaro a recuar da sua investida golpista do 7 de setembro foi justamente o temor pela abertura de um processo de impedimento contra ele.
Impeachment
Setores do PSD e do PSDB, por exemplo, começaram a tratar abertamente do tema. Contudo, esse impulso parece ter arrefecido, após Bolsonaro assinar uma carta elaborada pelo ex-presidente Michel Temer acenando para uma “pacificação” entre os Poderes.
— É só ele se sentir seguro que volta a atacar as instituições e a democracia. Aí começa tudo de novo. O que não pode parar é a conversa a sério sobre o impeachment de Bolsonaro. Imagina o que será ficar 16 meses com esse lunático na presidência da República, produzindo todo esse tipo de confusão — conclui Couto.