Por Redação, com Reuters – de Pequim/Nova Délhi/Paris:
China e Índia, ficaram cobertas por poluição sufocante e perigosa nesta segunda-feira, dia em que se iniciaram em Paris as conversações sobre as mudanças climáticas no planeta, das quais os líderes de ambos os países participam.
A capital da China, Pequim, estava nesta segunda-feira com um alerta de poluição na cor “laranja”, o segundo nível mais alto, o que levou ao fechamento de estradas, suspensão de obras e a um aviso para que moradores permanecessem em casa.

A poluição asfixiante foi causada pelo tempo “desfavorável”, informou o Ministério da Proteção Ambiental no domingo. As emissões de poluentes no norte da China sobem durante o inverno, quando os sistemas de aquecimento urbano são ligados e as baixas velocidades de vento impedem a dispersão do ar poluído.
Em Nova Délhi, a estação de monitoramento da embaixada dos Estados Unidos registrou um índice de qualidade do ar de 372, o que deixa os níveis de poluição do ar em território “perigoso”. Uma névoa espessa de poluição atmosférica cobriu a cidade e a visibilidade estava reduzida a cerca de 200 metros.
A qualidade do ar em Nova Délhi, cidade de 16 milhões de habitantes, é normalmente ruim no inverno, já que a população mais pobre usa o carvão para o aquecimento. No entanto, o governo não emitiu nenhum alarme sobre a qualidade atual do ar e não há avisos para a população. Trinta mil corredores participaram de uma meia maratona no fim de semana, quando os níveis de poluição eram igualmente altos.
Em Pequim, cidade de 22,5 milhões de habitantes, o índice de qualidade do ar em algumas partes subiu para 500, o nível mais alto possível. Em níveis mais altos do que 300 os moradores são incentivados a permanecer em casa, de acordo com as diretrizes do governo.
O ar perigoso evidencia o desafio do governo, que combate a poluição causada pelo setor de energia a carvão, e levantará dúvidas em Paris sobre a sua capacidade de limpar a economia.
O presidente chinês, Xi Jinping, e primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, estão ambos em Paris e se encontram com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, nesta segunda-feira.
Mudanças climáticas
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta segunda-feira que os EUA aceitam a responsabilidade de ajudar no combate às mudanças climáticas, como segundo país com maior número de emissão de gases causadores do efeito estufa, acrescentando que ação global é necessária para não prejudicar o crescimento econômico.
Em discurso em Paris, onde mais de 150 líderes mundiais estão reunidos para uma cúpula da ONU com objetivo de chegar a um acordo para tentar conter o aquecimento global, Obama disse que a ameaça crescente da mudança climática pode definir os rumos deste século mais drasticamente do que qualquer outra.
– Como o líder da maior economia do mundo e segundo maior emissor… os Estados Unidos da América não só reconhecem o seu papel na criação deste problema, mas compartilhamos nossa responsabilidade de fazer algo sobre isso – disse Obama.
A China é a maior emissora do mundo de gases do efeito estufa.
Obama expôs as possíveis consequências do que chamou de “um futuro possível” do aquecimento global.
– Países submersos, cidades abandonadas, campos que já não crescem mais. Distúrbios políticos que desencadeiam novos conflitos, deixando mais pessoas desesperadas que buscam abrigo em nações que não são delas – disse.
Os Estados Unidos e a China resistiram no passado em participar de um acordo global sobre o clima. No momento, ambos concordaram em trabalhar juntos, embora ambas as nações tenham problemas com o processo da ONU e devem resistir a aceitar um pacto global juridicamente vinculativo.
O presidente norte-americano também elogiou a França por seguir com a conferência apesar dos ataques de 13 de novembro a Paris cometidos por militantes islâmicos, em que 130 pessoas foram mortas.
– Que maior rejeição para aqueles que querem derrubar o nosso mundo do que nos mobilizarmos com os melhores esforços para salvá-lo? – disse.