Por Redação, com Reuters – de Paris:
Um cidadão belga que está atualmente na Síria e supostamente é um dos operadores mais ativos do Estado Islâmico é suspeito de estar por trás dos ataques da última sexta-feira em Paris, de acordo com uma fonte próxima à investigação francesa.
– Ele aparenta ser o cérebro por trás de diversos ataques planejados na Europa”, disse a fonte à Reuters, acrescentando que o homem, Abdelhamid Abaaoud, é o principal suspeito de estar por trás do assassinato de pelo menos 129 pessoas em Paris na sexta-feira.
De acordo com a rádio RTL, Abaaoud tem 27 anos e nasceu em Molenbeek, subúrbio de Bruxelas, lar de outros membros de uma célula de militantes islâmicos que supostamente realizou o ataque.
A mídia belga disse que Abaaoud esteve envolvido em uma série de ataques planejados frustrados pela polícia da Bélgica desde janeiro.
Em fevereiro deste ano, a revista online do Estado Islâmico, Dabiq, veiculou uma entrevista com um apoiador islâmico com o nome de Abdelhamid Abaaoud alegando que ele que viajara pela Europa despercebido pelas forças de segurança, para organizar ataques e adquirir armas.
Abaaoud também foi citado em diversas mídias no ano passado como o irmão mais velho de um menino de 13 anos que deixou a Bélgica para se tornar militante na Síria.
França bombardeia alvos do EI
A França realizou, no domingo, o maior ataque aéreo do país desde o início dos bombardeios de forças militares internacionais contra posições da organização extremista do “Estado Islâmico” (EI) na região. Os ataques tinham como alvo a cidade síria de Raqqa, uma das bases dos jihadistas.
Via Twitter, o Ministério da Defesa da França anunciou que 12 aeronaves, sendo dez caças de combate, lançaram 20 bombas e atingiram e destruíram dois alvos do “Estado Islâmico” (EI) em Raqqa, na Síria. Os alvos seriam um posto de comando com um centro de recrutamento e um depósito de armas, além de um campo de treinamento dos jihadistas.
– Os ataques aéreos, incluindo 10 caças, foram executados em conjunto com forças militares dos Emirados Árabes Unidos e Jordânia. 20 bombas foram lançadas – diz o comunicado do Ministério da Defesa da França.
Realizados em coordenação com o comando militar dos Estados Unidos, os bombardeios são uma aparente retaliação da França aos atentados em Paris de sexta-feira. Anteriormente, o presidente francês, François Hollande, culpou o EI pelos ataques na capital francesa, chamando-os de um “ato de guerra”. O EI reivindicou a autoria.
As notícias dos bombardeios surgem paralelamente a uma caçada policial de um suspeito de ter participado dos atentados. Autoridades francesas emitiram um mandado de apreensão contra um homem nascido na Bélgica. Salah Abdeslam, de 26 anos e nascido em Bruxelas, é um de três irmãos que estariam envolvidos nos atentados.
O homem procurado alugou um Volkswagen Polo usado pelo grupo de terroristas que atacou o clube Bataclan, afirmou um policial. Outro dos três irmãos foi preso na Bélgica e o terceiro morreu nos ataques, completou o agente policial.
A França tem realizado ataques aéreos deste setembro de 2014 como parte de uma aliança internacional liderada pelos EUA contra os jihadistas no Iraque e expandiu suas operações para a Síria em setembro deste ano.
Até os atentados de sexta-feira, a França havia lançado 283 bombardeios no Iraque e cinco na Síria, segundo dados do governo francês – apenas uma fração de ataques realizados pela Força Aérea dos EUA. Atualmente, seis caças franceses do tipo Rafale estão estacionados nos Emirados Árabes Unidos e outros seis, do tipo Mirage, estão na Jordânia.
Iraque afirma ter advertido França
Segundo a agência de notícias AP, o serviço de inteligência do Iraque havia alertado autoridades francesas de que o líder do “Estado Islâmico”, Abu Bakr al-Baghdadi, tinha ordenado seus seguidores a lançar imediatamente ataques e fazer reféns dentro de países participantes da coalizão que combate os jihadistas no Iraque e na Síria.
A AP afirmou ter obtido o conteúdo da advertência, que, no entanto, não dava detalhes sobre quando ou onde os ataques ocorreriam. Além disso, uma autoridade de segurança francesa disse à agência de notícias que a inteligência francesa recebe esses tipos de avisos “o tempo todo” e “todos os dias”.
No entanto, autoridades da inteligência iraquiana garantiram que também advertiram a França sobre detalhes específicos: entre eles, que os agressores foram treinados para esta operação em Raqqa e enviados de volta à França.
As autoridades iraquianas também afirmaram que um célula adormecida na França se reuniou com os agressores após seus treinamentos e audou-os a executar o planos. A operação envolveu 24 pessoas, afirmaram: 19 agressores e outras cinco pessoas responsáveis por logística e planejamento.
Nenhum desses detalhes foram corroborados por autoridades da França ou por outras agências de inteligência ocidentais.