Pesquisa norte-americana mostra que e-cigarros são mais nocivos do que muitos pensam: fumantes arriscam ter doenças cardíacas e psíquicas. No entanto, os cigarros tradicionais são ainda mais perigosos.
Por Redação, com DW – de Nova York
Fumantes de e-cigarros possuem risco 56% maior de ter um ataque cardíaco em comparação com não fumantes. O risco de um acidente vascular cerebral (AVC) é cerca de 30% maior. Depressão, transtornos de ansiedade e emocionais são cerca de duas vezes mais comuns do que em não fumantes.
Até agora pouco se sabia sobre a correlação entre doenças cardíacas e o cigarro eletrônico, diz autor de pesquisaEsses dados vêm do estudo de uma equipe da Escola de Medicina do Kansas, liderada por Mohinder Vindyhal. A pesquisa será apresentada por Vindyhal no Congresso de Cardiologia ACC19, em Nova Orleans, em 18 de março próximo.
– Descobrimos que não importa quantas vezes você consome e-cigarros, e mesmo que isso aconteça em alguns dias por semana, é mais provável que você tenha um ataque cardíaco ou uma doença coronariana – afirmou o professor de Medicina.
Seu estudo refuta a crença generalizada de que os cigarros eletrônicos são menos perigosos porque não produzem fumaça e, portanto, menos toxinas do processo de combustão entram nos pulmões.
Na pesquisa, no entanto, os cigarros normais tiveram um desempenho significativamente pior do que os cigarros eletrônicos: o risco de um ataque cardíaco foi 165% maior, assim como a probabilidade de uma doença arterial coronariana (94% maior) e de um acidente vascular cerebral (78% maior).
Para sua pesquisa, Vindyhal usou dados de um estudo em grande escala do Centro de Saúde dos EUA.
Nessa pesquisa, 96.467 participantes responderam, em 2014, 2016 e 2018, questões sobre seu uso ou não uso de cigarros eletrônicos. Com idade média de 33 anos, os consumidores de e-cigarros eram mais jovens que os de cigarros normais, com idade média superior a 40 anos.
Provavelmente muitos consumidores de cigarros eletrônicos também costumavam fumar tabaco no passado. Nesse contexto, o aumento do número de doenças cardíacas também poderia ter algo a ver com isso.
Também surge a questão de saber se o alto número observado de pessoas com depressão pode ter algo a ver com o fato de que os pacientes com doenças psíquicas são mais propensos ao consumo de estimulantes. Observadores apontam que pode se tratar de uma confusão entre causalidade e correlação.
No entanto, Vindyhal se atém à sua conclusão. “Até agora, pouco se sabia sobre doenças cardíacas em conexão com o uso de cigarros eletrônicos”, disse o médico. “Esses dados devem nos despertar para entrarmos em ação e aumentar a conscientização sobre os perigos dos cigarros eletrônicos.”