Analistas financeiros avaliam os movimentos do mercado, nesta quarta-feira, após saída monumental de recursos de um private bank suíço e a queda nos lucros da Gerdau, um dos maiores grupos siderúrgicos e bancários do país
Por Redação, com Reuters – de São Paulo e Zurique
O BSI, private bank suíço prestes a ser comprado pela rival EFG International, registrou nesta quarta-feira uma saída de novos recursos líquida no segundo trimestre de 6,3 bilhões de francos suíços (US$ 6,4 bilhões) em meio a sanções sobre laços comerciais com um fundo governamental da Malásia, afetado por um escândalo. A informação sobre a saída líquida de recursos do BSI foi divulgada pelo Grupo BTG Pactual, que atualmente detém o BSI. O BTG Pactual disse, na véspera, que o lucro caiu no segundo trimestre, parcialmente após a receita com gestão de fortunas sofrer com as saídas de recursos do BSI. O principal acionista do BGT Pactual, o economista André Esteves, responde a processo no âmbito da Operação Lava Jato, em regime fechado, com tornozeleira eletrônica.

André Esteves, maior acionista do BTG-Pactual, que segue preso, em regime domiciliar, com tornozeleira eletrônica, registra queda nos lucros do grupo
O banco com sede em Lugano, na Suíça, move um recurso contra uma decisão de maio do regulador financeiro suíço FINMA. A instituição financeira alega que o BSI violou regras sobre lavagem de dinheiro por meio de uma relação comercial e transações ligadas ao Malaysia Development Bhd. Acredita-se que o fundo da Malásia conhecido como 1MDB realizou US$ 4 bilhões em negócios irregulares nos últimos anos. Investigadores em diversos países tentam determinar se transações relacionadas entre o 1MDB, bancos e clientes foram direcionadas para as contas de políticos influentes.
A FINMA ordenou que o BSI entregue lucros de 95 milhões de francos suíços e que pare de operar quando for integrado à EFG. O BSI disse que a decisão da FINMA é “incorreta”. Cingapura também ordenou que as operações do BSI na cidade-Estado sejam encerradas.
Queda nos lucros
No front interno, o grupo siderúrgico Gerdau relatou, também nesta quarta-feira, queda de 30,6% no lucro líquido do segundo trimestre, pressionada por resultado operacional mais baixo e maiores despesas financeiras. O balanço, porém, marcou forte avanço sobre o lucro do primeiro trimestre e veio com queda na relação de endividamento da empresa.
A maior produtora de aços longos das Américas teve lucro líquido de R$ 184 milhões no segundo trimestre ante resultado positivo de R$ 14 milhões nos três primeiros meses do ano. As ações da Gerdau lideravam as altas do Ibovespa nesta quarta-feira, avançando cerca de 5% às 10:30, enquanto o índice mostrava valorização de 0,3%.
A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de R$ 1,2 bilhão de reais, ligeiramente acima do registrado um ano antes e 29% mais que no primeiro trimestre. No segundo trimestre, a Gerdau concluiu venda de operações de aços especiais na Espanha, se retirando do país em meio a uma estratégia para se concentrar em ativos de mais rentabilidade. O valor da operação foi de 155 milhões de euros, cerca de R$ 621 milhões. Porém, como resultado da operação, a Gerdau reconheceu despesa de R$ 105 milhões.
A Gerdau produziu 4,3 milhões de toneladas de aço no segundo trimestre, uma queda anual de 2,9% e avanço de 3,6% sobre o primeiro trimestre deste ano. A receita líquida de R$ 10,25 bilhões de abril a junho foi 4,7% menor que um ano antes, mas 1,6% maior que a do primeiro período de 2016.
A companhia reduziu despesas com vendas, gerais e administrativas em 9,3% sobre o segundo trimestre do ano passado e em 10% sobre os três primeiros meses deste ano. A relação de endividamento medida pela dívida líquida sobre Ebitda em reais caiu de 4,1 vezes no primeiro trimestre para 3,6 vezes ao final de junho. Em dólares, a relação passou de 4 para 4,1 vezes.
Considerando apenas as operações da Gerdau no Brasil, a margem Ebitda passou de 9,2 para 13,2% entre o final de março e junho, mais perto dos 14,7% do segundo trimestre do ano passado.
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