Em discurso no Parlamento Europeu para falar das prioridades da Alemanha na presidência rotativa da UE, chanceler diz que a “pandemia não pode ser combatida com mentiras e desinformação, nem com ódio e agitação”.
Por Redação, com DW – de Berlim
A pandemia de coronavírus expôs os limites do “populismo negacionista”, afirmou a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, em discurso no Parlamento Europeu nesta quarta-feira, ao delinear os planos de seu país após assumir a presidência rotatória da União Europeia (UE).
Chanceler alemã Angela Merkel discursa no Parlameto Europeu após seu país assumir presidencia rotatória da UE– Estamos vendo no momento que a pandemia não pode ser combatida com mentiras e desinformação, nem com ódio e agitação – disse ela. “O populismo que nega os fatos está demonstrando seus limites”, acrescentou ela. “Em uma democracia, fatos e transparência são necessários. Isso é o que diferencia a Europa, e isso que será defendido pela Alemanha durante sua presidência.”
Alemanha
A Alemanha, que assumiu no dia 1º de julho a incumbência de presidir as reuniões do bloco europeu, enfrentará o desafio de atingir o consenso no debate em torno no fundo de resgate pós-pandemia para o bloco das 27 nações. Nos seis meses do mandato alemão, também será decidido o orçamento do bloco para os próximos 7 anos, enquanto o continente avalia formas de se recuperar da recessão gerada pela crise do coronavírus.
– A profundidade do declínio econômico exige que nos apressemos – disse Merkel aos eurodeputados. “Não devemos perder tempo; particularmente os mais fracos sofrerão com isso. Espero muito que possamos chegar a um acordo durante o verão [no hemisfério norte]. Isso exigirá boa vontade de todos os lados para chegarmos a um meio-termo, e dos senhores também”, reforçou.
– Não podemos ser ingênuos. Em muitos Estados-membros, os opositores da Europa estão apenas aguardando para fazer mau uso da crise, tendo em vista seus próprios fins – alertou. “Devemos mostrar a eles o estado dos valores agregados da cooperação da União Europeia. Devemos mostrar que um retorno ao nacionalismo significa não mais, mas, menos controle.”
Em maio, Merkel e o presidente francês, Emmanuel Macron, propuseram a criação de um fundo de resgate de 500 bilhões de euros através de empréstimos compartilhados entre os países da UE. O acordo marcou um rompimento da Alemanha com sua longeva tradição de se opor a empréstimos coletivos.
A Comissão Europeia aumentou a aposta e sugeriu a criação de um fundo de 750 bilhões de euros, composto majoritariamente de subvenções. A proposta enfrenta resistência da Áustria, Holanda, Suécia e Dinamarca, que não veem com bons olhos a concessão de financiamentos sem garantias.
– É correto e importante para as regiões atingidas com mais intensidade pela crise e, acima de tudo, para as pessoas lá vivem, que possam estar aptas a contar com a nossa solidariedade – reforçou Merkel. “É do nosso próprio interesse, mas, ao mesmo tempo, isso também significa que o esforço que se faz necessário para o bem de todos não deve sobrecarregar os Estados mais fortes economicamente de modo unilateral”.