A arrancada desta manhã levou o dólar para perto de R$ 3,47, nível considerado perigoso pelos profissionais do mercado e que pode levar o Banco Central a atuar ainda neste pregão
Por Redação – de São Paulo
Logo após anunciada a saída do então chefe de Governo, Geddel Vieira Lima, O dólar disparou nesta sexta-feira. Operava em alta de cerca de 1,5% ante o real, com investidores reagindo a notícias envolvendo o presidente Michel Temer e que podem atrapalhar os planos do governo de aprovar importantes medidas econômicas no Congresso Nacional.
Às 10h18, o dólar avançava 1,24%, a R$ 3,43 na venda, depois de bater R$ 3,4694 reais na máxima do dia, com valorização de 2,22%. O dólar futuro subia cerca de 1,4% esta manhã.
— Está havendo uma crise política que, caso se alastre, vai dificultar a aprovação de reformas. É o que pega no mercado — comentou o operador da Ouro Minas Corretora, Maurício Gaioti.
Nível perigoso
O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero afirmou em depoimento à Polícia Federal que Temer o pressionou. Forçava-o para encontrar uma “saída” para o caso de uma obra de interesse do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, ampliando uma crise que inicialmente se restringia a Geddel e agora ameaça respingar no presidente.
A arrancada desta manhã levou o dólar para perto de R$ 3,47, nível considerado perigoso pelos profissionais do mercado. Isso pode levar o Banco Central a atuar ainda neste pregão.
No último dia 11, o dólar encostou em R$ 3,40. O BC fez dois leilões de swaps tradicionais — equivalente à venda futura de moeda — tanto para rolagem quando para colocar novos contratos no mercado.
— São grandes as chances de o BC fazer um leilão extraordinário pela manhã — comentou o operador de renda fixa da corretora Mirae Asset, Olavo Souza.
Cesta de divisas
O BC esteve fora nos últimos dois pregões e tem avisado que atua para corrigir distorções do mercado, estouro da volatilidade.
A delação premiada de executivos da Odebrecht também era citada nas mesas de operação como um foco de preocupação. Com o local dominando as atenções, o cenário exterior acabou ficando em segundo plano. O dólar cedia ante uma cesta de divisas.
Na véspera, os mercados norte-americanos estiveram fechados pelo feriado do Dia de Ação de Graças. E, neste pregão, fecham mais cedo, o que deve limitar a liquidez em outras praças.
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