Sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas e está preso em Curitiba, por determinação do juiz Sérgio Moro em um processo polêmico, e de qualquer representante petista, os candidatos pareceram ficar sem um alvo fácil para ataques no debate.
Por Redação – de São Paulo
As aparições do Cabo Daciolo (Patriotas) e do capitão da reserva Jair Bolsonaro (PSL) em debate encerrado na madrugada desta sexta-feira, por um canal da TV aberta, alimentou as redes sociais, nas horas seguintes, com mensagens que resumiram o encontro a um espetáculo lamentável. A maioria das mensagens mostravam que e evento beirou o ridículo.
Os candidatos participaram de um espetáculo lamentável, noite passada, no primeiro debate presidencialO primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República na eleição de outubro deste ano teve poucos duelos entre adversários e o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, alvo de críticas por sua aliança com os partidos do blocão e o postulante do PSL, Jair Bolsonaro, mantendo opiniões polêmicas como a crítica à política de direitos humanos.
Vergonha
Sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas e está preso em Curitiba, por determinação do juiz Sérgio Moro em um processo polêmico, e de qualquer representante petista, os candidatos pareceram ficar sem um alvo fácil para ataques no debate, promovido pela TV Bandeirantes.
O encontro começou com uma troca um pouco mais dura entre Bolsonaro e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, quando o candidato do PSOL indagou Bolsonaro sobre uma suposta funcionária fantasma dele. Boulos indagou se Bolsonaro sentia vergonha.
— Vergonha eu teria se invadisse a casa dos outros — respondeu Bolsonaro, timidamente, em referência ao fato de Boulos ser um dos lideres do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
Droga
Boulos classificou Bolsonaro de “representante da velha política corrupta”, enquanto o candidato do PSL classificou o adversário do PSOL de “desqualificado”.
Em outro momento de embate entre ambos, Bolsonaro pediu e levou um direito de resposta quando Boulos disse que ele fora expulso do Exército. O candidato do PSL chegou a pedir um segundo direito de resposta, que foi negado, quando o candidato do PDT, Ciro Gomes, citou um voto dele como parlamentar a favor de uma “droga” contra o câncer. Bolsonaro protestou contra o uso do termo “droga”.
Na sua vez de perguntar, Bolsonaro optou por Alvaro Dias, do Podemos, e chegou a fazer elogios ao rival em uma pergunta sobre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Reforma trabalhista
Embora o candidato do PSL tenha repetido opiniões polêmicas, como a de que a política de direitos humanos é uma das responsáveis pela violência e a de que o Estado não deve interferir na disparidade salarial entre homens e mulheres, o duelo com Boulos foi o único em que ele mostrou um pouco mais de exaltação.
— Ele está calmo como esteve nos debates e nas sabatinas — disse à reportagem da agência inglesa de notícias Reuters o deputado Major Olímpio (PSL-SP), um dos aliados de Bolsonaro, durante um dos intervalos do debate. Indagado após o debate se estava mais sereno, Bolsonaro disse que sim, pois tinha de agir como “um estadista”.
Ciro e a candidata da Rede, Marina Silva, buscaram em alguns momentos antagonizar com Alckmin. Ciro disse que a abertura econômica por Alckmin seria danosa devido a diferenças competitivas vividas pelo Brasil e criticou a reforma trabalhista aprovada pelo Congresso, defendida pelo tucano.
— Essa reforma trabalhista que o PSDB aprovou, proposta pelo Michel Temer, trouxe uma enorme insegurança — disse Ciro. Ele apontou que as mudanças acentuaram o desemprego.
Vovozinha
Alckmin voltou a defender a reforma trabalhista, que classificou de um avanço, e disse que sua proposta de abertura econômica será acompanhada de uma agenda de competitividade.
— A reforma trabalhista foi necessária, estimula o emprego — rebateu o tucano.
Marina, por sua vez, atacou Alckmin por sua coligação formada por nove partidos, entre eles os cinco do chamado ‘blocão’ — formado por PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade. A candidata da Rede, durante um duelo sobre educação com o tucano, disse que apesar das propostas dele “o condomínio estava cheio de lobo mau, querendo roubar o dinheiro da vovozinha”, numa referência às siglas do ‘blocão’, muitas delas com líderes envolvidos em escândalos. Foram ouvidas risadas na plateia.
Governo Lula
Alckmin voltou a defender a aliança como necessária para aprovar reformas, como a política, a tributária e a da Previdência.
— Eu quero deixar bem claro que nunca fui do PT, nem fui ministro do governo do PT. Então somos de uma linhagem diferente — respondeu o tucano a uma das críticas feitas por Marina à sua aliança com o ‘blocão’.
Marina foi filiada ao PT e ministra do Meio Ambiente do governo Lula.
O candidato do MDB, Henrique Meirelles, por sua vez, chegou a ser taxado por Boulos de “candidato dos banqueiros”, mas aproveitou o encontro para repisar sua história como presidente do Banco Central durante o governo Lula e ministro da Fazendo na gestão de Temer.
Ele insistiu em lembrar que atuou no governo Lula e que, neste período, houve crescimento econômico e ascensão social.
Cinquenta tons
Postulante do Podemos, Alvaro Dias, insistiu em praticamente todas as intervenções que fez na defesa da operação Lava Jato e voltou a repetir que, se eleito, convidará o juiz federal Sérgio Moro para chefiar o Ministério da Justiça.
Além do duelo com Bolsonaro, Boulos foi o candidato que adotou o tom mais combativo durante o debate da Bandeirantes, mirando; além do candidato do PSL, em Alckmin e Meirelles. Ele chegou a afirmar que, no palco do estúdio da Bandeirantes, havia “50 tons de Temer”.
Candidato que sequer é relacionado nas pesquisas, Cabo Daciolo, do Patriotas, também presente no encontro disse ser “o novo” e encerrou a maioria de suas intervenções com a frase “honra ao senhor Jesus”. Ele chegou ao debate carregando uma bíblia e declarando “glória a Deus” aos jornalistas.