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Delcídio Amaral, entre outras coisas

November 26, 2015 15:00 , von Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Por Mário Augusto Jakobskind, do Rio de Janeiro:

De volta de uma viagem pela Europa, colunista faz um balanço das atualidades de lá e daqui
De volta de uma viagem pela Europa, colunista faz um balanço das atualidades de lá e daqui

O mundo gira de forma tensa neste final de ano. Fatos importantes estão acontecendo, mas estão sendo omitidos pela mídia hegemônica que segue agindo como partido político conservador. Os mais prejudicados acabam sendo os ouvintes, leitores e telespectadores.

Na área internacional as covardias do Estado Islâmico seguem em várias partes, não apenas em Paris ou com a derrubada do avião comercial russo no Egito, mas também na Síria e países da África.

A Argentina acabou de eleger o presidente Maurício Macri. Há analistas independentes que acreditam que se colocar em prática o seu programa econômico de priorizar o setor empresarial em detrimento dos trabalhadores poderá vir a ser um novo Fernando De La Rua, o tal presidente do Partido Radical que em 2001 saiu correndo da Casa Rosada, a sede de governo, pegando um helicóptero, em meio a uma grave crise, só superada com a ascensão de Nestor Kirchner algum tempo depois.

Os eleitores argentinos sufragaram Macri com uma diferença de 3% percentuais, cerca de 700 mil votos, mas no Congresso a maioria ficou com os seguidores do kirchneirismo. Das 24 Províncias (Estados) argentinas, Macri perdeu em 16.

Relações carnais com EUA

Em sua primeira entrevista, antes de qualquer coisa, Macri desancou sobre a Venezuela informando que vai propor a exclusão do país do Mercosul numa próxima reunião a ser realizada ainda este ano no Paraguai.

A base da proposta a ser defendida por Macri é a apresentada pela mídia hegemônica da América Latina, que criminaliza o presidente Nicolás Maduro com base em meias verdades e mesmo mentiras. Macri poderá tentar, mas pelo visto não conseguirá o consenso para adotar qualquer medida punitiva à Venezuela.

Macri na prática vai seguir a linha defendida pelo então presidente Carlos Menem que pregava “relações carnais” com os Estados Unidos.

Editorial indecoroso

Aproveitando o embalo da euforia conservadora, o jornal argentino La Nación divulgou editorial que pode ser considerado no mínimo indecoroso. Depois de saudar a eleição de Macri, o diário ordenou ao novo governo para acabar com os julgamentos por crimes de lesa humanidade cometidos durante a ditadura, a partir de 1976.

Mas os trabalhadores do jornal reagiram e avisaram que estão dizendo “Sim” à democracia e “Não” ao esquecimento. Para bons entendedores, os trabalhadores quiseram deixar claro que nada tinham a ver com o posicionamento patronal.

Da mesma forma que La Nación, o Clarín vai fazer o possível e o impossível para rever a lei dos meios de comunicação, que deu novos ares democráticos aos meios de comunicação argentinos. Mas a mídia conservadora pensa exatamente ao contrário e deverá ampliar a oposição à democratização dos meios der comunicação, claro, com o apoio de mídias comerciais de outros países, como o Brasil, por exemplo.

O que faz o Clarín corresponde grosso modo aos que por aqui criticam a aprovação da proposta do Senador Roberto Requião restabelecendo o direito de resposta. Onde já se viu em uma democracia não se ter o direito de resposta garantido por lei?  Só mesmo os barões da mídia e sua turma antidemocrática.

Exemplo de Portugal

Mas saindo da Argentina e indo para Portugal, a mídia conservadora de um modo geral silenciou sobre um importante fato que está a ocorrer naquelas bandas. A esquerda, leia-se Partido Socialista, Partido Comunista e Bloco de Esquerda, com maioria na Assembleia Nacional conseguiu derrubar o governo de direita capitaneado pelo primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho e numa prova de maturidade política se uniu para formar um governo que não mais priorizará o setor empresarial.

Trocando em miúdos, a esquerda se uniu para dizer não à austeridade dos últimos anos que arrebentou com os assalariados portugueses.

Mas em vez de noticiar o fato, a mídia de mercado, também defensora assídua do setor empresarial, preferiu omiti-lo. E também não divulgou que a direita portuguesa, através do Presidente Cavaco Silva em fim de mandato, é responsável pela nefasta política de austeridade, face ainda mais cruel do neoliberalismo colocado em prática por vários governos pelo mundo a fora.

A mesma direita tentava de todas as formas, inclusive desrespeitando a Constituição, evitar a posse do novo governo sob a chefia do socialista Antonio Costa, o partido majoritário na esquerda.

Mas a Constituição acabou sendo respeitada. Mesmo a contragosto Cavaco Silva teve de aceitar a formação do governo sob o comando do Primeiro Ministro Antonio Costa.

Como mais uma prova de pragmatismo político, tanto o Partido Comunista como o Bloco de Esquerda não pretendem ter Ministérios no novo governo. Apoiam o novo governo, mas não exigem participação no Gabinete. A unidade ocorreu para defender os trabalhadores.

A mídia hegemônica tupiniquim preferiu ignorar o que acontece no país que tem uma grande colônia de portugueses e de seus descendentes por aqui. É fácil saber o motivo.

Comprador de petróleo do EI

Já na Turquia, segundo um jornal dos veteranos de guerra dos Estados Unidos, Sümeyye Erdoğan, filha do presidente Erdoğan, tornou-se enfermeira do Estado Islâmico (EI).

A Turquia, diga-se de passagem, abateu um caça russo que combatia terroristas. Motivo alegado, e refutado pelo Presidente Wladimir Putin, foi de que o caça invadiu o espaço aéreo turco. O caça foi realmente abatido em território sírio.

E a TV Globo não fez por menos ao dar ênfase às alegações da Turquia, apoiadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Como sempre faz nestas horas, seguiram a pauta contra a Federação russa.

E Putin, depois de afirmar que os russos foram vítimas de uma “punhalada pelas costas”, acusou o governo turco de fazer negócios com o Estado Islâmico adquirindo petróleo barato, que ajuda os terroristas a manterem o projeto do califado e também a prática de atentados covardes como o de Paris, a derrubada do avião comercial russo no Egito, bem como atos assassinos na própria Síria e países da África, atentados covardes, mas que não repercutem na mídia como o da capital francesa.

E não há dúvida que os terroristas do EI repetem os nazistas que atacavam a população civil praticando matanças dos mais variados gêneros.

Não à toa que o jornal francês Liberación publicou charge em que um nazista agradecia aos terroristas do Estado Islâmico pelo que fizeram em Paris. Ou seja, aprenderam a lição e a reviveram nos dias de hoje, fazendo claramente o jogo da extrema direita e da indústria armamentista.

Vale lembrar a entrega

Passando pelo Brasil, os big-shots da Samarco, leia-se Vale, responsável pelo maior desastre ecológico no país, continuam soltos. Vale sempre lembrar que o então Presidente FHC liquidou a Vale do Rio Doce privatizando-a a preço de banana. Os abutres que a adquiriam pagaram R$ 2 bilhões, enquanto a empresa era cotada no mínimo 100 bilhões.

Sobretudo nos dias de hoje quando FHC ganha grandes espaços na mídia conservadora ditando regras, não se deve esquecer da pouca vergonha ocorrida então e sob o falso argumento da “modernização”. Como a Vale privatizada pode tudo, o episódio de Marina para eles não passa de um “detalhe”.

Ainda no Brasil, a patota de Eduardo Cunha segue vergonhosamente fazendo de tudo para salvar o presidente da Câmara dos Deputados, para vergonha total da referida Casa Legislativa.

Delcídio Amaral nunca foi flor que se cheire, Egresso do PSDB acabou integrando as fileiras do PT. Não se sabe por que cargas d’água tornou-se líder do governo no Senado.

Pela Constituição, um senador – no caso, Delcídio – somente poderia ser preso em flagrante, mas o juiz Sérgio Moro não quis nem saber e o colocou no xadrez depois de ser revelada a gravação em que sugeria a fuga do tal bandido ex-diretor da Petrobras Nestor Severó. Mas no final das contas, a proposta indecorosa de Amaral acabou não vingando. Deveria ser submetido à Comissão de Ética do Senado, mas o Judiciário passou por cima da referida Casa Legislativa.

E assim caminha a humanidade.

Mário Augusto Jakobskindjornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil). Consultor de História do IDEA Programa de TV trasnmitido pelo Canal Universitário de Niterói, Sede UFF – Universidade Federal Fluminense Seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla , lançado no Rio de Janeiro.

Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.


Quelle: http://www.correiodobrasil.com.br/delcidio-amaral-entre-outras-coisas/

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