De volta de Berlim, onde o filme Marighella se transformou em mensagem e ato de resistência de Wagner Moura e seus atores contra o atual governo de extrema direita, encontro o convite do nosso colunista Celso Lungaretti para revermos o filme O Desafio, lançado em 1965, um ano depois do Golpe Militar. E para facilitar, esse fornece o link para se chegar ao filme e rever a queda da democracia em 1964. Nota do Editor.
Por Celso Lungaretti, de São Paulo:
Situação atual lembra 1964O desalento e apatia nas fileiras da esquerda brasileira, após sofrer os sucessivos e terríveis abalos do impeachment da Dilma, prisão do Lula, eleição do Bolsonaro e entrega de Battisti à Itália, lembra muito a prostração subsequente ao golpe de 1964, quando a facilidade com que João Goulart foi expelido pelos conspiradores da caserna machucou quase tanto quanto a derrubada em si.
O inesquecível Vianninha, talento que perdemos cedo demais |
De quebra, o filme dá, a quem viveu aqueles tempos, oportunidade de rever figuras queridas do cinema e das artes, como Elis Regina, Hugo Carvana, João do Vale, Joel Barcellos, Maria Bethânia, Nara Leão, Oduvaldo Vianna Filho, Zé Keti e outros. Quantos já se foram…
A utilização de É um tempo de guerra (um dos temas musicais da peça Arena conta Zumbi, adaptando poesia célebre – vide aqui – de Bertolt Brecht) dá a palavra final: impossível conviver-se passivamente com o que o Brasil havia se tornado, então era hora de juntar os cacos e iniciar a resistência à desumanidade.
Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.