Panelaço mostra que pode estar acabando a lua de mel entre uma parcela da classe média padrão-Veja, que serviu de base social para o golpe, e o governo golpista em si
Por Gilberto Maringoni – de São Paulo
Panelas foram batidas em algumas capitais contra a decisão da Câmara dos Deputados de reafirmar sua posição contra o abuso de autoridades judiciais, como juízes e procuradores. O protesto se estendeu a Renan Calheiros e – tacitamente – a Michel Temer.
Pode estar acabando a lua de mel entre uma parcela da classe média padrão-Veja, que serviu de base social para o golpe, e o governo golpista em si.
Variados parecem ser os motivos.
O primeiro é que a recessão provocada pelo governo Dilma não apenas não foi estancada, como se aprofunda sob Temer. Empregos e facilidades que aquele estamento social gozou até há pouco, podem estar subindo no telhado.
Há também um udenismo militante que tomou partido de Sergio Moro e de seus auxiliares, agora vistos como uma espécie de paladino contra a corrupção (versão pós-moderna do caçador de marajás).
A aprovação – correta – da emenda contra os poderes totais de juízes parece completar o quadro.
Sites de ultradireita, como os do Movimento Brasil Livre (MBL) e de Alexandre Frota, elemento de ocupação incerta, passaram a atacar pesadamente “os políticos” e o próprio Michel Temer.
Pode estar acontecendo um descolamento da ultradireita em relação ao governo.
Embora esses grupos ainda não sejam decisivos no jogo politico real, sua influência é crescente.
Se o rompimento acontecer, será acontecimento a se levar em conta nos próximos dois anos. Pode marcar de forma seria o governo.
Gilberto Maringoni é jornalista.
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