O carnaval do protesto deu forte impulso à oposição democrática e popular e já se preveem grandes manifestações das mulheres, dos trabalhadores e das juventudes nesse mês de março
Por Val Carvalho – do Rio de Janeiro
Um novo Brasil de luta surge do Carnaval. Mobilizadas tradicionalmente pela folia, as massas dos blocos e shows gritaram quase unanimemente Fora Temer. A monumental vaia contra ACM Neto e também as vaias contra o prefeito “Doriana”, de São Paulo, mostram para onde correm agora as águas dos protestos. De seu esconderijo, na Base Naval de Aratu, Temer, irritadíssimo, começa a viver a sua versão de “A Queda”.

O ‘Fora Temer!’ foi o grito que cada folião, em todo o país, não pode calar na garganta neste carnaval
O carnaval do protesto deu forte impulso à oposição democrática e popular e já se preveem grandes manifestações das mulheres, dos trabalhadores e das juventudes nesse mês de março. Como disse Paulo Moreira Leite, Lula surge do Carnaval do protesto como o fator decisivo da saída da recessão e da crise política causada pelo golpe. O fator Lula joga 2018 no colo dos golpistas como um nó difícil de desatar.
Com Lula candidato, o golpe acaba e as reformas neoliberais vão para o ralo. Mas impedir Lula de disputar significa tirar do jogo mais de 40% do eleitorado, majoritariamente popular. Um risco enorme para um país em recessão e um governo absolutamente isolado na sociedade. Os golpistas se meteram num oceano de contradições.
Carnaval de protesto
Para eles Temer é ao mesmo tempo necessário para as reformas, mas inviável politicamente. Uma saída possível para o golpe seria entregar o poder aos militares, sob o pretexto de “por ordem na casa”. Mas como uma ditadura pode se manter num país em recessão, com um povo lutando. E com uma política de “defesa” totalmente nociva aos militares?
O crescente e cada vez mais rápido deslocamento para o campo da oposição a Temer de setores médios e da própria burguesia industrial e comercial que apoiaram o golpe, aliado à ampliação da luta popular e fortalecimento dos movimentos sociais encontra em Lula o elo de união.
Não é exagero dizer que Lula sai “blindado” do Carnaval de protesto. Mais do que nunca Lula não deve aceitar ser presidente do PT para se concentrar inteiramente na construção da saída democrática contra o golpe.
Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil.
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