Cunha também prometeu escrever um livro sobre a história de sua cassação. E chorou ao discursar na Tribuna do plenário, pouco antes, ao pedir o voto dos colegas contra sua cassação: “A sociedade precisa saber todos os detalhes”
Por Redação – de Brasília
Deputado afastado por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) perdeu o mandato, na noite desta segunda-feira, por 450 votos favoráveis, 10 contrários e nove abstenções. Em uma sessão de cerca de cinco horas, apenas dois parlamentares falaram em favor de Cunha, réu investigado no âmbito da Operação Lava Jato. Em entrevista, já sem o cargo, Cunha atribuiu sua queda a “uma campanha, uma vingança do governo (do presidente de facto Michel Temer)”.
— Todo mundo sabe que é uma articulação promovida pelo (ministro) Moreira Franco, que é cunhado do presidente da Câmara — atirou, em uma prévia da possível delação premiada, embora negue que usará o mecanismo legal.
Cunha também prometeu escrever um livro sobre a história de sua cassação. E chorou ao discursar na Tribuna do plenário, pouco antes, ao pedir o voto dos colegas contra sua cassação: “A sociedade precisa saber todos os detalhes”.
— A mim, como deputado, só cabe pedir um voto, que tenham isenção. Não me julguem por aquilo que está colocado na opinião pública — implorou Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Risco Cunha
À tarde, a consultoria de risco político Eurasia afirmou que o governo Temer corre um “grande risco” com a cassação do deputado. O risco, segundo a Eurasia, está na possibilidade de Cunha, uma vez cassado, negociar uma delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, o que derrubaria as bases do governo do peemedebista.
Segundo os analistas Christopher Garman, João Augusto de Castro Neves e Filipe Gruppelli Carvalho, o parlamentar mentiu sobre o fato de não receber propinas originárias de desvios na Petrobras, mas também de ter negado possuir contas no exterior. O relatório da Eurasia destaca, ainda, que o deputado protelou ao máximo o processo sobre sua cassação, além de ter deflagrado o impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff “para tirar atenção de seus próprios problemas legais”. Em maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) destituiu o parlamentar da presidência da Câmara.
A Eurasia previu, acertadamente, que os aliados do parlamentar tentariam uma série de manobras para tentar impedir a votação, apesar de considerar pequena a chance de sucesso. Ainda segundo a consultoria, a cassação de Cunha coloca o governo Temer em uma situação complicada, já que ele poderá firmar um acordo de delação premiada.
“O medo entre líderes partidários é que Cunha possa implicar ministros do governo Temer ou mesmo o próprio presidente em um esforço desesperado para reduzir sua sentença”, diz a consultoria. O fator Cunha é um dos principais pontos considerados pela Eurasia para manter em 20% as chances de Temer não conseguir concluir o mandato.
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