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Eleição impõe questões existenciais aos franceses

25 de Abril de 2017, 11:02 , por Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Confronto entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen pela presidência testa limites entre patriotismo e nacionalismo e abre dilema não somente sobre o lugar da França na Europa, mas também sobre o que significa ser francês

Por Redação, com DW – de Paris:

Os eleitores franceses começaram a ponderar sobre suas escolhas eleitorais com o anúncio do resultado oficial do primeiro turno presidencial, no dia anterior, que colocou o ex-banqueiro Emmanuel Macron contra a populista de direita Marine Le Pen na disputa final.

Eleitores avaliam suas escolhas após anúncio de resultados oficiais do primeiro turno na França

Poucos analistas acreditam que a Frente Nacional de Le Pen vencerá em 7 de maio. Enquanto isso, o establishment político se une por trás de Macron. Político independente de centro que diz querer tornar a França mais amigável para os negócios.

Virtualmente, todos os outros nove candidatos endossaram Macron depois de admitir a derrota. E muitos eleitores de todo o espectro político afirmam que vão apoiar seu recém-formado movimento Em Marcha! Alguns relutantemente, para evitar uma saída da União Europeia. Como prometida por Le Pen, ou para esmagar o que muitos veem como um partido semeando a xenofobia.

Futuro do país

– Não há dúvida, as pessoas devem fazer qualquer concessão e votar no melhor para a França e para o futuro do país – diz Stéphanie Pottier, uma vendedora parisiense, ao avaliar os resultados. “Econômica e culturalmente, o melhor candidato é obviamente Macron. Mesmo que ele não seja a primeira escolha do eleitor.”

Enquanto os apoiadores de Jean-Luc Mélenchon, candidato de extrema esquerda apoiado pelos comunistas. E do socialista Benoît Hamon questionam o passado de Macron como investidor financeiro e suas promessas de reformas trabalhista. A maioria deles deverá votar no líder do Em Marcha.

– Eu não acho que Macron será capaz de convencer a maioria dos franceses de que a globalização é algo bom. Porque a maioria acha que não é – diz Thomas Guénolé, analista político no renomado instituto Sciences Po. “No entanto, ele deverá ser eleito, provavelmente. Devido ao nojo que tantos eleitores sentem diante de Le Pen e da extrema direita. Eles farão isso por preferir o que chamam de um candidato das finanças a uma candidata do racismo. Principalmente os apoiadores de Mélenchon não suportam o racismo.”

A pergunta na cabeça de muitos eleitores é se o jovem partido de Macron conseguirá assegurar uma maioria parlamentar funcional. Para poder governar o país. Dentro de um mês, apenas duas semanas após o segundo turno. O país volta às urnas para eleições legislativas.

– Seu movimento político foi criado somente no ano passado, e não sabemos até onde ele vai ganhar as eleições legislativas em junho. Provavelmente, o partido de Macron não deve conseguir maioria – avalia Thomas Vitiello, analista do centro de pesquisa política Cevipof, em Paris. “Há ainda muitas incógnitas, mas até agora, o resultado tem sido suficiente para acalmar os mercados financeiros. Para restaurar a credibilidade junto a mercados e eleitores, Macron terá de mostrar que vai implementar reformas econômicas estruturais, de forma que a Alemanha e a França se tornem parceiros iguais na Europa.”

O que significa ser francês?

O confronto entre Macron e Le Pen expõe questões existenciais não somente sobre o lugar da França na Europa, mas também sobre o que significa ser francês. Enquanto Macron defende a imigração e vê a globalização e o multiculturalismo como um bem, a retórica protecionista de Le Pen – “Primeiro a França” – tem visado aos estrangeiros e à população muçulmana do país. Ela afirma que gostaria de ver uma proibição de símbolos religiosos em público como véus e solidéus e, caso seja eleita, pretende suspender toda a imigração legal.

– Finalmente, o grande debate vai acontecer – declarou Le Pen pelo Twitter na noite de domingo. “Os cidadãos franceses precisam aproveitar esta oportunidade histórica.”

Sarrah Abdelrahman, uma franco-marroquina que se mudou recentemente para Paris, diz temer uma presidência de Le Pen.

– Sendo alguém que se veste de determinada forma, claro que temo por mim e por minha família – revela. “Mas eu também não sei o que isso significaria para a França. Como um isolamento do resto do mundo pode ser bom para a economia e para a cultura francesas?”

Preparado para o cargo?

Enquanto analistas não esperam uma vitória da Frente Nacional, o especialista Guénolé, do instituto Sciences Po, adverte que Macron não deve estar excessivamente confiante da vitória.

– Em vez de se comportar com serenidade durante o seu discurso, ele decidiu celebrar anunciando sua vitória na França, dando a impressão de que já venceu – ressalta Guénolé. “Isso é um enorme erro e mostra falta de compostura. Este não é o comportamento de um estadista, mas de uma criança mimada.”

Para alguns eleitores, nenhum dos candidatos azarões está qualificado para governar o país.

– Macron é tão jovem, ele nunca concorreu para um cargo antes – sabemos muito pouco sobre ele – afirma Laure Danchin, que apoiou Mélenchon e pensa em votar em branco para mostrar o seu descontentamento com os candidatos. “Ele não vai ser diferente dos outros, talvez seja ainda pior devido a seus lobbies financeiros. Eu não tenho estômago para votar nele.”

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Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/eleicao-impoe-questoes-existenciais-aos-franceses/

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