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Esquerda avalia se vai de ‘frente popular’ ou ‘frente ampla’

18 de Agosto de 2017, 14:37 , por Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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“Não seria atropelo afirmar que a orientação petista caberia melhor se o enunciado fosse Frente Popular”, afirma o jornalista Breno Altman, uma das vozes relevantes da esquerda.

 

Por Redação – de São Paulo

 

Setores da esquerda brasileira têm debatido, nas últimas semanas, a necessidade de se formar uma ‘frente popular’, com propostas mais arrojadas nos cenários político e econômico. Outros segmentos passaram a defender a retomada de uma ‘frente ampla’, como forma de se derrotar o golpe de Estado, em curso desde Maio do ano passado.

Na reunião das forças de esquerda, a Frente Brasil Popular supera o avanço neofascista da direita

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Para o jornalista Breno Altman, filiado ao PT e uma voz importante no campo da esquerda, no Brasil, tais conceitos levam “a ambiguidades”.

Leia, adiante, o que Altman escreveu em uma rede social, nesta sexta-feira:

“O PCdoB, em seus documentos pré-congressuais, lançou a tese de Frente Ampla como ideia-força para a política de alianças que seria atualmente possível e necessária.

“Conceitos se prestam a ambiguidades. Muitos que abraçam essa tese a compreendem como unidade das correntes populares, sob hegemonia de esquerda e com claro programa de reformas estruturais, atraindo personalidades e setores que dissentem da coalizão golpista de centro-direita, a exemplo do senador Roberto Requião ou do governador Ricardo Coutinho (PSB-PB).

“Para outros, trata-se da reconstrução de laços com um suposto centro democrático e de um pacto programático com alas ditas “produtivas” da burguesia brasileira, ao redor de um programa ainda ambíguo cujo princípio reitor está na retomada do desenvolvimento e na questão nacional, aparentemente deslocando as reformas estruturais para um plano secundário.

Diferenças

“Quem assim pensa, por vezes prefere emitir sinais enigmáticos a argumentos claros. Por exemplo: ‘é falsa a contradição entre golpistas e anti-golpistas, isso estreita a compreensão do cenário político’. Não precisa de muito esforço para entender que essa chave de leitura, potencialmente, acena para a rearticulação, parcial ou completa, do esquema de alianças que prevaleceu nos governos Lula e Dilma.

“O PT, em seu 6º Congresso, não definiu um conceito para a política de alianças que propõe em sua tática, até porque convivem – como no PCdoB – distintas compreensões. Mas não seria atropelo afirmar que a orientação petista caberia melhor se o enunciado fosse Frente Popular.

“Quais as possíveis diferenças?

Alianças

“A primeira delas é que o arco de alianças representa as forças progressistas, cujos recortes principais são a atitude frente ao golpe e a postura contra as reformas neoliberais. Não é, portanto, um suposto bloco tático de centro-esquerda, mas um pacto estratégico das correntes populares, ainda que momentaneamente possa ser ampliado em eventual segundo turno de eleições presidenciais, por exemplo.

“A segunda é que a hegemonia e o programa devem estar claramente definidos. “Ampla” remete à prioridade de alargar o máximo possível as alianças, “popular” diz respeito à centralidade da classe trabalhadora e ao programa de reformas estruturais.

“A terceira remete à tática eleitoral se mantidos o calendário e as regras atuais. “Ampla” infere a manutenção da equação tradicional, pela qual elege o presidente da República o bloco político, à esquerda ou à direita, que for capaz de confluir ao centro com mais eficácia e flexibilidade, conquistando o eleitor médio.

Parlamentarismo

“Popular’ pressupõe o calculo que o cenário não é tradicional e que a crise é sistêmica, não conjuntural, o que faz da identidade e da clareza programática os elementos decisivos, com a dinâmica da campanha determinada por uma lógica centrífuga, ao contrário da clássica lógica centrípeta de outras temporadas.

“A quarta diferença potencial diz respeito ao risco de uma alteração estrutural dos paradigmas que determinaram a estratégia de esquerda desde o final dos anos 80. Isso poderia ser provocado, por exemplo, pela impugnação da candidatura de Lula, a ilegalização do PT, o adiamento das eleições ou a adoção do parlamentarismo.

“Nesse caso, a via central de aproximação do poder, a conquista eleitoral da Presidência, definida há trinta anos, estaria bloqueada. “Ampla” reporta, nessa problemática, a predominância do terreno institucional sob quaisquer condições. ‘Popular’ embute a possibilidade de uma nova estratégia, de desobediência civil e rebelião social.

“São diferenças importantes, ainda que – repito – nomes e conceitos sempre se prestem a confusões e mal-entendidos”, conclui.

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Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/esquerda-avalia-frente-popular-frente-ampla/

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