Grupo extremista afirma que Abu Muhammad al-Adnani morreu enquanto supervisionava operações do EI em província síria. Porta-voz foi quem anunciou, em mensagem de áudio em 2014, a criação de califado na Síria e Iraque
Por Redação, com DW – de Beirute:
O grupo extremista “Estado Islâmico” (EI) confirmou a morte de seu porta-voz oficial, Abu Mohammed al-Adnani, durante operação em Aleppo, no norte da Síria.
Por meio das redes sociais, o EI afirmou que o “lutador” e “mártir” morreu “após uma longa jornada de sacrifícios e de resistência contra a falta de fé”. Na mensagem, o grupo ainda prometeu vingar a morte do porta-voz e ameaçou os “covardes apóstatas”.

O grupo extremista “Estado Islâmico” (EI) confirmou a morte de seu porta-voz oficial, Abu Mohammed al-Adnani, durante operação em Aleppo
Mais cedo, a agência de notícias Amaq, filiada aos jihadistas, reportou que al-Adnani morreu enquanto supervisionava operações dos combatentes do EI em Aleppo.
Na província, o grupo luta contra o regime sírio, contra milícias curdas e contra rebeldes, além de enfrentar ataques aéreos comandados pela Rússia e pelos Estados Unidos.
Al-Adnani, nascido em 1977 ou 1978 na região de Idlib, na Síria, e cujo nome verdadeiro é Taha Sobhi Falaha, era há anos o porta-voz oficial do grupo e costumava emitir mensagens de áudio através da Internet, mas poucas vezes foi visto em imagens.
Em junho de 2014, foi ele quem gravou um áudio anunciando a redução do antigo nome do grupo, Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), para apenas “Estado Islâmico”. Na mesma mensagem, o porta-voz declarava a fundação de um califado e proclamava Abu Bakr al-Bagdadi seu califa.
Mais tarde, numa mensagem de vídeo, al-Adnani revelou brutalidade extrema ao lembrar os candidatos a jihadistas das possibilidades de usar os meios mais primitivos para cometer homicídios.
– Se vocês não encontrarem explosivos nem munição, então isolem um infiel norte-americano, francês ou qualquer aliado deles. Espatifem-lhes o crânio com uma pedra, sangrem-nos com uma faca, atropelem com seus carros; atirem de qualquer lugar bem alto, estrangulem-nos ou os envenenem – disse.
Em maio deste ano, o porta-voz voltou a virar notícia ao encorajar ataques do tipo “lobo solitário”, conclamando os simpatizantes do grupo na Europa e nos EUA a perpetrarem atentados contra civis nesses locais, caso não tivessem meios de viajar para o autodeclarado califado, na Síria e Iraque.
Os Estados Unidos chegaram a oferecer uma recompensa de US$ 5 milhões por al-Adnani, que se tornou uma das vozes mais conhecidas do grupo extremista.
O EI tem perdido vários de seus líderes nos últimos meses. Em março último, o secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, anunciou que as forças norte-americanas haviam matado o “número 2” do grupo, Abdul Rahman Mustafá al-Qaduli, também responsável pelas operações financeiras.
EUA rechaçam combate entre turcos e curdos na Síria.
Os Estados Unidos criticaram na segunda-feira os recentes combates entre o Exército turco, os rebeldes sírios pró-Turquia e unidades da aliança curda na Síria. De acordo com o Departamento de Defesa norte-americano, essas operações são “inaceitáveis” e devem chegar ao fim.
Em comunicado assinado pelo porta-voz Peter Cook, o Pentágono destaca que as forças citadas deviam se concentrar no combate ao grupo extremista “Estado Islâmico” (EI). Além disso, combates em áreas onde o EI não está presente são “fonte de profunda preocupação” para os Estados Unidos.
– Estamos acompanhando de perto os relatos de combates ao sul de Jarablus, onde o EI já não está, entre as forças armadas turcas, alguns grupos da oposição e unidades que estão ligadas às SDF (Forças Sírias Democráticas, lideradas pelos curdos) – diz a nota, acrescentando que os EUA “não estão envolvidos nestas atividades, e elas não foram coordenadas com forças norte-americanas”.
O ministro turco de Assuntos Europeus, Omer Celik, rechaçou as declarações do Pentágono. “Ninguém tem o direito de nos dizer contra qual organização terrorista devemos lutar e qual delas devemos ignorar”, disse Celik a repórteres em Bruxelas.
Washington apoia a milícia curda Unidades de Defesa Popular (YPG), considerada uma organização terrorista pela Turquia. Ancara diz que seguirá com os ataques a menos que as YPG se retirem para leste do rio Eufrates, afastando-se assim de sua fronteira.
Ofensivas no norte da Síria
Na semana passada, as Forças armadas turcas avançaram sobre o norte da Síria, juntamente com seus aliados rebeldes, expulsando o EI da cidade fronteiriça de Jarablus, e assim se antecipando aos rebeldes curdos, cuja função nas SDF é importante.
Com tais estratégias, Ancara procura evitar a formação de um território curdo contínuo no norte da Síria, por temer que assim o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como terrorista, venha a ganhar mais força em solo turco.
No último domingo, dezenas de pessoas foram mortas em bombardeios turcos. Ancara disse ter matado 25 “terroristas curdos” e assegurou que as suas forças se esforçam para evitar vítimas civis. No entanto, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos afirma que pelo menos 40 civis morreram nas ofensivas.
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