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Estados mais fortes

8 de Julho de 2020, 9:49 , por Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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A organização da live foi da UBA, instituição em que o presidente Fernández leciona, quando não está em cargo público, como atualmente. Já em sua fala inicial, Lula usou grande parte do seu tempo na análise da situação de todos os países da América Latina, defendendo postura que também foi enfocada pelo governante argentino.

Por Jaime Sautchuk – de São Paulo

Como ficará a América Latina depois da crise do Coronavírus?

Esta indagação foi tema de um debate virtual realizado, dia 25 de junho, pela Universidade de Buenos Aires (UBA), entre o presidente da República argentino, Alberto Fernández, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Estranhamente, porém, a grande mídia brasileira ignorou o fato, em mais um exemplo do jornalismo de baixa qualidade que pratica.

Como ficará a América Latina depois da crise do Coronavírus?Como ficará a América Latina depois da crise do Coronavírus?

A organização da live foi da UBA, instituição em que o presidente Fernández leciona, quando não está em cargo público, como atualmente. Já em sua fala inicial, Lula usou grande parte do seu tempo na análise da situação de todos os países da América Latina, defendendo postura que também foi enfocada pelo governante argentino.

América Latina

Ambos defenderam que a tendência inarredável desses países é do fortalecimento da estrutura estatal no combate aos efeitos da crise que enfrentam, pois “o mercado não quer saber de pobre”. A faixa da população com renda mais baixa (ou nenhuma), no Brasil, estará sem água tratada pra consumir, justamente num momento em que esse bem passa a ser gerido pelo setor privado.

– O que vai salvar a América Latina depois dessa pandemia é uma palavra: democracia. Precisamos recuperar a democracia na América Latina, porque um Estado eleito forte cuida do seu povo. O mercado não resolve nada, o mercado só cuida do seu umbigo. Quem cuida do povo é o Estado – disse Lula.

De igual modo, em sua fala, o presidente argentino defendeu uma ação mais ativa do Estado na crise. “Nada é mais importante que a vida, que a saúde da população. Mas há alguns que acreditam que o mais importante são os negócios. É um falso dilema perguntar se queremos escolher entre a vida e a economia”, afirmou Fernández.

Na prática, desde logo após o golpe que derrubou Dilma Rousseff, em 2016, no Brasil o governo federal vem empreendendo um amplo programa de privatizações, o Programa de Parcerias de Investimento (PPI), que abrange diversas companhias estaduais de saneamento. Vários estados já privatizaram essas empresas, o que representa séria ameaça à universalização desses serviços no país.

Argentina

A vizinha Argentina segue o caminho inverso, no sentido da reestatização do saneamento, após algumas décadas de gestão privada e de insatisfação da população. O assunto foi tema central da campanha eleitoral do ano passado, quando Fernández foi eleito presidente, e ele prometeu rever as privatizações e recolocar o fornecimento de água e a coleta de esgotos nas mãos do Estado.

No debate de Lula com Fernández ficou claro, também, que a região precisa retomar as organizações multilaterais, como o Mercosul, esvaziadas por governos de direita que andaram vencendo eleições ou patrocinando golpes em países latinos. O caso maIs recente é o da Bolívia, onde uma armação das elites não indígenas impediu a posse de Evo Morales e pôs uma quadrilha no poder.

Em verdade, o resultado das eleições argentinas foi o que de mais importante ocorreu na América Latina nos últimos tempos, em termos das relações diplomáticas. Com respeito ao governo eleito no Brasil, embora a recíproca não seja verdadeira, os mandatários portenhos preferem debater temas dessa relevância com Lula, pelas posições populares, com as quais são mais afinados.

 

Jaime Sautchuk, é jornalista.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil


Fonte: https://www.correiodobrasil.com.br/estados-mais-fortes/

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