Apesar de o BC ter iniciado o ciclo de redução dos juros básicos em outubro, o ano de 2016 foi também marcado pelo encarecimento do crédito e aumento da inadimplência e dos spreads bancários
Por Redação – de Brasília
O estoque total de crédito no Brasil caiu 3,5% em 2016, a R$ 3,107 trilhões. Trata-se do pior resultado anual e o primeiro no vermelho na série histórica iniciada em março de 2007. Este é mais um reflexo da forte recessão econômica e da deterioração do mercado de trabalho. O resultado divulgado nesta quinta-feira veio pior que a expectativa do BC de uma retração de 3%, divulgada no mês passado.

Ilan destacou que a oferta de crédito deverá aumentar ao longo do ano. A previsão, no entanto, não é confirmada pela área técnica do BC
“A contração do crédito em 2016 refletiu a retração da atividade econômica e seus impactos na demanda de consumo e investimento, e o aumento da percepção de risco do sistema financeiro. Destacou-se a redução na carteira de pessoas jurídicas, que repercutiu, adicionalmente, o efeito de expressivas liquidações de contratos de grandes empresas”, avaliou o BC em nota.
Apesar de o BC ter iniciado o ciclo de redução dos juros básicos em outubro, o ano de 2016 foi também marcado pelo encarecimento dos financiamentos e aumento da inadimplência e dos spreads bancários. Considerando apenas o segmento de recursos livres, em que as taxas são definidas livremente pelas instituições financeiras, houve elevação de 4,7 pontos percentuais nos juros médios no ano, a 52,0% em dezembro.
Previsão sobre crédito
Por sua vez, o spread, que mede a diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final, subiu 8,1 pontos em 2016. Foi a 40,2 pontos percentuais. Já a inadimplência, ainda segundo o BC, cresceu 0,4 ponto, a 5,7%. Na comparação mensal, porém, os indicadores apresentaram melhoria. Começa, assim, a aparecer o efeito das duas reduções na Selic, de 0,25 ponto cada, que foram feitas no ano.
Entre novembro e dezembro, os juros médios no segmento de recursos livres caíram 2 pontos percentuais. O spread recuou 1,7 ponto percentual e a inadimplência, 0,1 ponto. Em dezembro, o estoque de crédito também apresentou modesto crescimento de 0,1% sobre sobre o mês anterior.
Em 2017, o atual governo espera uma recuperação econômica após dois anos de profunda retração na atividade. O BC, no período, prevê o estoque total de crédito subindo 2%.
Uso do cartão
Na semana passada, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que o Conselho Monetário Nacional (CMN) editaria uma norma sobre os cartões. Em breve, pretende limitar o prazo máximo do rotativo do cartão de crédito para 30 dias. O CMN se reúne nesta quinta-feira. O governo chegou também a estudar uma diminuição do prazo de pagamento das empresas de cartões aos lojistas. A medida poderá valer, caso os juros do segmento não diminuam.
Em dezembro, a taxa cobrada no rotativo do cartão de crédito para pessoas físicas seguiu em alta, encerrando 2016 a um patamar recorde de 484,6% ao ano. A elevação foi de 2,4 pontos sobre novembro e de robustos 53,2 pontos percentuais no ano.
Comércio em crise
No Rio de Janeiro, as vendas do comércio caíram 6,6% em 2016 na comparação com o ano anterior. Foi o pior resultado desde 2003, segundo a pesquisa Termômetro de Vendas, divulgada nesta manhã pelo Centro de Estudos do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL Rio).
O presidente da instituiçaão, Aldo Gonçalves, destacou que em 2016 todos os meses registraram queda nas vendas na comparação com 2015. Em dezembro, a redução foi de 3,3%, pior resultado para o mês desde 2006. Gonçalves atribuiu o desempenho negativo à crise econômica que o país atravessa, com queda do emprego e da renda, que desestimularam as compras.
Todos os segmentos
Segundo Gonçalves, estratégias adotadas pelos comerciantes, como descontos e promoções, não foram suficientes para reverter o mau resultado. Em 2016, acrescentou, o Natal espelhou a recessão, com juros elevados e desemprego. Estes fatores também tiveram impacto sobre outras datas comemorativas importantes para o faturamento do comércio. Ele cita o Dia dos Pais, Dia das Mães e Dia das Crianças.
A pesquisa mostra que, em dezembro, todos os segmentos tiveram resultados negativos. As maiores quedas foram registradas nos ramos de tecidos (-12,2%), calçados (-7,4%), joias (-7,3%) e confecções (-6,6%).
De acordo com o presidente do CDL Rio, a falta de segurança e mudanças no trânsito no centro e na Zona sSl da cidade também contribuíram para a queda nas vendas do comércio carioca no ano passado, principalmente nas lojas de rua.
Inadimplência
A pesquisa revela também aumento de 2,3% da inadimplência no comércio lojista do Rio de Janeiro em dezembro. O cálculo é em relação ao mesmo mês de 2015. Foi o maior índice de aumento para o mês desde 2007, de acordo com os registros do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) do CDL Rio.
No acumulado de 2016, a inadimplência cresceu 2,1% em relação a 2015.
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