Tóquio classifica míssil norte-coreano que sobrevoou seu território de “ameaça sem precedentes”, e Trump diz que “todas as opções estão sobre a mesa”. Seul reage a lançamento, e ONU convoca reunião de emergência
Por Redação, com DW – de Washington/Tóquio:
Líderes internacionais condenaram veementemente o lançamento de um míssil norte-coreano que sobrevoou o território do Japão na manhã desta terça-feira. O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeram aumentar a pressão exercida sobre a Coreia do Norte.

Míssil desta terça-feira faz parte de uma série de lançamentos recentes. Na foto, projétil interncontinental disparado em julho
Os dois líderes conversaram pelo telefone por cerca de 40 minutos e “concordaram plenamente” quanto à postura e às medidas que serão tomadas diante das seguidas provocações norte-coreanas, segundo Abe.
O novo lançamento “constitui uma ameaça muito séria e grave, e sem precedentes”. Afirmou Abe, anunciando que pediria a convocação de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas “para pressionar ainda mais a Coreia do Norte”. Seul também pediu uma reunião do órgão da ONU sobre o assunto.
Trump transmitiu a Abe “seu forte compromisso de estar 100% com o Japão”. Segundo o líder japonês, que também apontou a sua intenção de “trabalhar com China; Rússia e o resto da comunidade internacional para intensificar a pressão” sobre o regime norte-coreano.
O presidente norte-americano afirmou numa declaração escrita que “todas as opções estão sobre a mesa”; e que tais “ações ameaçadoras e desestabilizadoras” só aumentam o isolamento do regime de Pyongyang na região e em todo o mundo. Trump salientou que as ações da Coreia do Norte mostram “desprezo pelos (países) vizinhos”.
Além de solicitar a reunião de emergência na ONU, o governo da Coreia do Sul reagiu ao novo teste balístico de Pyongyang deslocando quatro caças F-15K; que lançaram bombas sobre um alvo localizado perto da fronteira desmilitarizada que separa as duas Coreias.
As manobras
As manobras foram realizadas depois que o presidente sul-coreano, Moon Jae-in; ordenou que o Exército “exibisse suas capacidades para superar as forças norte-coreanas em caso de ataque”. Disse o porta-voz da presidência sul-coreana, Yoon Young-chan.
A China, parceira comercial do regime norte-coreano; apelou ao diálogo para pôr fim à crise em torno do programa nuclear e de misseis balísticos da Coreia do Norte, considerando que as sanções internacionais ao regime não contribuem para encontrar uma solução.
– Os fatos demonstraram que a pressão e as sanções não podem solucionar o fundo da questão – afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying. “A única via é a do diálogo.”
Rússia, UE e Alemanha manifestam preocupação
A Rússia declarou estar “extremamente preocupada” com a situação na península coreana. “Vemos uma tendência para uma escalada (…); e estamos extremamente preocupados com o desenvolvimento geral (na região)”. Disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Serguei Riabkov.
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, condenou o lançamento e exigiu que Pyongyang não faça novas provocações.
– Estas ações constituem manifestas violações das obrigações internacionais da Correia do Norte estabelecidas em várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU – afirmou Mogherini em comunicado. Mogherini proclamou “pleno apoio ao Japão e ao povo japonês em meio a esta ameaça direta”.
O lançamento do míssil, realizado depois de semanas de tensão e agressões verbais entre EUA e Coreia do Norte; “representa uma grave ameaça à paz e à segurança internacionais”. Acrescentou Mogherini, pedindo a Pyongyang que se “abstenha de qualquer nova ação provocadora que possa acentuar a tensão regional e global”.
A representante da UE para a política externa garantiu que Bruxelas “apoia plenamente o pedido de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU” e considera “essencial para a comunidade internacional estar unida para responder a este desafio”. A reunião de emergência do Conselho de Segurança solicitada por Tóquio e Washington será ainda nesta terça-feira, em Nova York.
O ministro do Exterior da Alemanha, Sigmar Gabriel, também saudou a convocação da reunião e garantiu que Berlim apoia quaisquer esforços dos EUA de persuadir Pyongyang a retornar à mesa de negociações.
– Nessa situação é ainda mais necessário que a comunidade internacional implemente rigorosamente as sanções existentes para convencer a Coreia do Norte a parar com seu programa nuclear de mísseis e armas – afirmou Gabriel. “Não podemos simplesmente insistir em uma solução diplomática, enquanto nos sentamos e não fazemos nada.”
Pyongyang alega “direito à autodefesa”
O embaixador da Coreia do Norte na ONU afirmou que o seu país tem “direito à autodefesa” em meio às “intenções hostis” insinuadas pelos Estados Unidos.
– Os exercícios militares conjuntos com sul-coreanos atualmente em curso, num contexto de tensão na península coreana e apesar das advertências da Coreia do Norte, são um ato fanático de atirar lenha na fogueira – declarou o embaixador Han Tae-Song.
Pyongyang tem alertado contra as manobras militares organizadas anualmente por Seul e Washington, classificadas como um ensaio para uma suposta invasão do seu território.
EUA
– Agora que os EUA declararam abertamente as suas intenções hostis em relação à Coreia do Norte ao participarem dessas manobras (…),; o meu país tem todas as razões para responder com contramedidas firmes, exercendo o seu direito à autodefesa – afirmou Han.
Apesar das críticas, Han insistiu que Pyongyang “continuará reforçando suas capacidades de defesa; com o poder nuclear enquanto os Estados Unidos mantiverem sua ameaça nuclear e as manobras militares”.
ONU
Os EUA e a Coreia do Norte protagonizaram este mês uma das piores trocas de farpas diplomáticas dos últimos anos; que começou quando Pyongyang ameaçou atacar os EUA em resposta às sanções da ONU por seus recentes lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais. Trump; respondeu com um tom beligerante. Prometendo “fogo e fúria jamais vistos no mundo”,
O míssil disparado das proximidades de Pyongyang sobrevoou o arquipélago japonês; e caiu a cerca de 1.180 quilômetros do Cabo de Erimo; na costa oriental da ilha de Hokkaido, no oceano Pacífico. O míssil percorreu 2.700 quilômetros e alcançou um pico de aproximadamente 550 quilômetros de altura. Esta foi a primeira vez desde 2009 que um míssil norte-coreano sobrevoou o país asiático.
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