As forças militares curdas na Síria, empenhadas no combate ao Daesh, são 45% femininas, e o número de mulheres tende a aumentar, declarou a comandante das Unidades Femininas de Proteção (YPJ), Nesrin Abdalla, neste domingo
Por Redação, com Sputnik – de Mossul, Iraque
As Unidades Femininas de Proteção, lideradas pela interlocutora da Sputnik, não empreendem ataques aos terroristas, mas participam ativamente das operações de defesa. O objetivo das YPJ não é somente o combate ao Daesh, mas também a “mudança da mentalidade patriarcal no exército”, “não só a conquista do poder, mas mudança na sociedade, fazer com que esta se desenvolva”.

– Além do aspecto militar da vida, também existe o aspecto social, civil e jurídico. É preciso que as mulheres estejam presentes em todos os níveis, se elas querem ter a possibilidade de adquirir seus direitos e passar a ter igualdade na sociedade. Se não houver mulheres em algum desses níveis — no militar, ou no público, ou no diplomático, elas não conseguirão adquirir os direitos – argumenta Nesrin Abdalla.
As Unidades Femininas de Proteção (YPJ) foram criadas na Síria em 2013, como um braço feminino das Unidades de Proteção Popular (YPG).
A Síria, desde março de 2011, vive um conflito militar. Como resultado, segundo a ONU, mais 220 mil pessoas foram mortas. As forças do governo sírio enfrentam bandos armados pertencentes a diversos grupos militares. As mais ativas são as organizações terroristas Daesh e Frente al-Nusra.
As Unidades Femininas de Proteção (YPJ), que fazem parte das Unidades de Proteção Popular (YPG), conduzem uma luta eficaz contra o Daesh no norte do país, também conhecido como Curdistão Sírio.
A comandante da subdivisão feminina, Servin Rojava, contou à Sputnik como é feito o combate aos jihadistas e qual a estratégia das ações militares.
Servin Rojava explicou que, embora o batalhão fosse oficialmente criado em 4 de abril de 2013, elas participaram das ações militares já desde 2012, nomeadamente, nas cidades de Afrin e Ras al-Ayn.
— A YPJ foi criada para defender não só as mulheres curdas, mas também árabes, turcomenas e assírias. Sem uma defesa eficaz a vida genuína da sociedade é impossível. As armas e ações militares nunca foram um objetivo para nós, é somente um método de estar em segurança. Somos a favor de métodos políticos da resolução do conflito — frisou a comandante.
Servin Rojava referiu que nas fileiras da YPJ há cidadãs estrangeiras, que às vezes morrem em combate.
– As YPJ não são uma formação militar, são forças de defesa. Ensinamos táticas de defesa, esta é a linha principal da nossa atividade – sublinhou a chefe da subdivisão.
A Síria se encontra mergulhada em uma sangrenta guerra civil desde o início de 2011, com as forças fiéis ao governo tendo que combater uma série de fações e grupos extremistas de oposição, com destaque para os jihadistas do Daesh (EI) e da Frente Al-Nusra. Diversos Estados estrangeiros vêm tentando estabelecer um canal de diálogo entre o governo do presidente Bashar al-Assad e alguns setores da oposição, de forma a encontrar um caminho para a estabilização política no território nacional.