Facebook decidiu permitir a publicação da foto que proibira, mostrando uma menina nua correndo numa estrada depois de atingida por napalm, lançado num ataque da aviação americana durante a Guerra do Vietnã
Entretanto, a equipe de Facebook no Brasil continua censurando a foto publicada no Correio do Brasil, colocando um anúncio – Compre Passagens Baratas – Maxmilhas.
Por Rui Martins, de Genebra:
Phan Thi Kim Phuc, hoje vivendo no Canadá, tinha nove anos quando foi fotografada, gritando de dor, por ter sido queimada com napalm. Ela também protestou junto ao Facebook
A direção do Facebook afirmou em São Francisco ter revisto sua decisão, levando em conta as reações dos utilizadores e a importância histórica da foto. Explicou também que em certos países a exposição de uma criança nua pode ser considerada como pedopornografia, mas “nesse caso, reconhecemos a importância histórica e mundial dessa imagem por documentar um momento particular”, acrescentou o porta-voz de Facebook.
O Correio do Brasil se associou aos jornais e redes sociais que denunciaram a censura exercida pelo Facebook e considera positivo seu recuo, cedendo aos argumentos em favor do respeito da liberdade de expressão, esperando que outros casos de intolerância sejam resolvidos e que Facebook não reincida no detestável papel de censor em matéria de artes, cultura, política e costumes.
Entretanto, estranha que o Facebook continue censurando essa mesma foto, publicada no CdB, quando levada para a página do Facebook.
Logo embaixo o texto publicado ontem aqui, no Correio do Brasil:
Facebook virou censor mundial
O maior meio de informação das redes sociais, Facebook, provoca escândalo na Noruega, por ter censurado e apagado a conta de um escritor, que ilustrou um artigo sobre o malefício das guerras, com uma foto da menina queimada com napalm na Guerra do Vietnã.
A rede social passou das medidas e vai se tornando uma espécie de censor mundial, decidindo unilateralmente o que as pessoas podem ou não publicar.
O mais recente caso de censura pelo Facebook ocorreu na Noruega, onde o escritor Tom Egeland foi proibido de publicar a célebre foto de uma menina nua queimada por napalm pela aviação americana, durante a Guerra do Vietnã. A foto, de autoria do vietnamita Nick Ut Cong Huynh, premiada pelo Pulitzer, faz parte dos documentos históricos mundiais e foi publicada pela imprensa mundial em 1972.
Diante da censura, Tom Egeland protestou e sua conta na rede social foi cancelada. A alegação pífia e insustentável do Facebook era a de não permitir a publicação de fotos de nudez.
Esse abuso, recoloca a questão do direito ou não da rede norte-americana se transformar numa espécie de censor mundial. A própria chefe do governo norueguês, Erna Solberg, publicou no seu perfil uma crítica à liberdade de expressão por Facebook, curtida por milhares de noruegueses mas apagada, algumas horas depois, sem dar satisfações.
O jornal mais lido na Noruega, o Aftenposten, reagiu publicando a mesma foto na primeira página com uma carta dirigida ao fundador e diretor da mais popular e mais poderosa rede social, Mark Zuckerberg, lamentando a maneira autoritária como ele limita liberdade em lugar de ampliá-la.
A rede de Zuckerberg tinha retirado a foto da primeira página do jornal, reproduzida na rede social, sem quelquer consulta à direção do jornal.
A ação de censura desta rede social provocou reações e condenações na população e na mídia, mesmo porque Facebook já exerceu a censura em outras situações que envolviam a publicação de obras de arte. É o caso do quadro de Gustave Courbet “a origem do mundo” e mesmo de fotos da Pequena Sereia, a simbólica estátua de Copenhague.
Rui Martins, correspondente em Genebra.
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