O desgaste da política imposta após a queda do regime democrático, com a cassação da presidenta Dilma Rousseff, estava estampado até mesmo nos cartazes que circularam na manifestação convocada pelo Movimento Brasil Livre (MBL)
Por Redação – de Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo
Nem de longe, as manifestações exaustivamente convocadas por movimentos de ultradireita, organizados no país com recursos de partidos políticos ligados ao golpe de Estado e instituições empresariais, conseguiram mobilizar a população. Um reduzido número de pessoas aceitou o convite para prestar solidariedade ao juiz que chefia a Operação Lava Jato, Sérgio Moro. Ele havia afirmado, na semana passada, que a maioria dos brasileiros o apoiava. Um outro tiro no pé da direita, hoje no governo, foram os cartazes desfilados em Brasília. Todos contra a base aliada ao governo.
O desgaste da política imposta após a queda do regime democrático, com a cassação da presidenta Dilma Rousseff, estava estampado até mesmo nas mensagens que circularam em manifestações convocadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL) para este domingo. Entre os cartazes levados por manifestantes, não faltaram mensagens contra o próprio grupo. “MBL, você uma farsa”, dizia um deles. A referência leva à denúncia de que os principais líderes do movimento, Kim Kataguiri e Fernando Holiday, receberam propina de políticos e empresários.
Muitos daqueles que, logo após a eleição de Dilma, apoiaram o golpe parlamentar, hoje confessam o arrependimento. Não faltam desagravos, em mensagens nas redes sociais. Na contramão, cerca de 5 milhões, em todo o país, foram às ruas semana passada, gritar palavras de ordem contra o regime. Não faltaram o “Fora Temer!”, “Não à reforma da Previdência!” e “Não à reforma trabalhista!”. Quanto o “Não à terceirização!”, serviu de termômetro aos analistas políticos. Na semana seguinte, a Câmara dos Deputados aprovou, em última instância, um novo golpe contra os direitos trabalhistas, mas com apoio reduzido.
Manifestação ambiciosa
Os mesmos grupos que atraíram multidões às ruas nos atos em favor do golpe de Estado seguem com os mesmos líderes. E eles, cada vez mais desgastados. O principal é o MBL. O grupo de ultradireita elegeu um vereador em São Paulo no ano passado, Fernando Holiday (DEM). Ele, agora, vê-se diante da ameaça de perder o mandato. Ele foi acusado de negócios escusos para chegar à Câmara Municipal.
Outro dirigente, Kim Kataguiri, sonha com um mandato de deputado federal, se houver eleições em 2018. Sua ligação ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, no entanto, tem se tornado um empecilho incontornável. Kataguiri foi denunciado por receber recursos de Skaf. E este, por sua vez, está citado na relação daqueles políticos patrocinados com dinheiro sujo. Consta do esquema investigado na Operação Lava Jato.
Na campanha pela Prefeitura da São Paulo, o MBL atuou como satélite de João Doria (PSDB). Hoje, defende a candidatura do tucano à Presidência da República. Camisetas e outros materiais do grupo promovem o culto à personalidade do prefeito, tratado com desconfiança pela direção tucana.
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