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Governo Dilma será marcado pelo fortalecimento das instituições, diz Edinho Silva

November 4, 2015 14:40 , by Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, que teve o nome citado pela mídia como intermediário de doação de recursos ilegais em campanhas do PT, em entrevista ao Jornal Correio do Brasil, defendeu a total apuração dos fatos e afirmou que agiu dentro da lei. Silva falou sobre a condução das investigações da Operação Lava-Jato da Polícia Federal e disse que o governo da presidenta Dilma Rousseff “será marcado pelo fortalecimento das instituições”. O ministro analisou, ainda, a atual situação da imprensa brasileira, assim como a importância da mídia independente, da Internet e da regionalização da comunicação.

Seu nome tem surgido na mídia como o de intermediário de doação de recursos ilegais oferecidos por empresas para campanhas do PT. O que o senhor pode falar sobre isso?

– Iniciei minha trajetória em Araraquara, militando na Igreja, fui vereador duas vezes, prefeito de Araraquara duas vezes, fui o deputado mais votado da coligação no estado de São Paulo em 2010. Quem acompanha minha trajetória sabe que eu sempre agi dentro de princípios éticos e morais, como político, como professor e pesquisador. Quando a presidenta Dilma Rousseff me chamou para participar da campanha à reeleição em 2014, ela o fez por conta desta minha trajetória. Ela me deu a missão de coordenar a arrecadação financeira da campanha segundo os mesmos princípios éticos e morais que sempre adotei, sempre dentro da legalidade. Quando eu assumi essa missão, as investigações que envolviam lideranças do PT já estavam em andamento. Portanto, orientado pela presidenta, e eu não faria diferente, tomei todos os cuidados para que toda a arrecadação estivesse de acordo com a legislação eleitoral. Inverdades estão sendo ditas a meu respeito e, por isso, eu sou o primeiro a defender que tudo seja apurado e esclarecido para que a verdade prevaleça o mais rápido possível.

Edinho Silva
O ministro Edinho Silva disse que considera processo de apuração da Operação Lava-Jato benéfico para o país

Qual sua opinião sobre a condução da Operação Lava-Jato e os resultados obtidos até agora como prisões e interrogatórios?

– Considero esse processo de apuração muito benéfico para o país. Aliás, quem mais defende esse processo de apuração é a própria presidenta Dilma. Houve uma época em que havia pressão para que nada fosse apurado. Mas, hoje, a presidenta preza pela apuração, ainda que atinja o partido dela, o PT, que também é o meu partido. A postura da presidenta é de uma correção impecável com relação ao fortalecimento das instituições no Brasil. Não tenho dúvida de que seu governo será marcado pelo fortalecimento das instituições. É importante que em todo processo de apuração se respeite o princípio do contraditório. Ele é o pilar do Estado de Direito, é um pilar da democracia.

Uma das principais queixas de integrantes da base do governo é que haveria seletividade nas investigações e nas acusações – que visariam aliados do governo. O senhor concorda com a tese? Por que?

– O que acontece é que a imprensa é municiada por informações que acabam servindo para fazer luta político-partidária, para atacar lideranças políticas. Têm setores da mídia que acabam se deixando hegemonizar por partidos. Claro que, numa democracia, temos de lidar com todas as posições de imprensa. Acontece que, muitas vezes, além de as matérias não terem lastro na realidade, também não trazem o outro lado, que é um princípio básico da boa prática do jornalismo.

Nomes históricos do PT voltam a ser relacionados ao esquema de corrupção. Como o senhor analisa estas acusações contra integrantes históricos do partido ao qual representa?

– Reforço que considero as investigações sobre todas as acusações, inclusive contra integrantes do PT, fatos importantes para o fortalecimento das instituições, e para o fortalecimento da democracia. É essencial que se investigue, até mesmo para que a verdade prevaleça. Investigação não é condenação. Tem de ser respeitada a Legislação em qualquer operação de investigação. Tem que haver respeito ao amplo direito de defesa.

O senhor tem defendido a interiorização da Comunicação com a distribuição democrática dos recursos oriundos da publicidade oficial. Como tem sido a condução deste processo? Há resistências dentro do governo? E fora dele?

– Eu sou um defensor da regionalização da comunicação. O Brasil é um país com uma grande diversidade social, cultural, geográfica, econômica e política. Por isso, quanto mais regionalizarmos a comunicação, mais eficiente ela será. Considero muito importante que a comunicação do governo chegue ao conjunto da sociedade brasileira. Quero continuar defendendo a regionalização e estou dialogando com todo o governo, administração direta e indireta, para que este processo avance.

Recentemente, um site do chamado “independente” noticiou que o governo do PT distribuiu generosa publicidade para a velha mídia, em especial à TV Globo, acreditando que isso a faria aliada. O senhor admite esta linha de pensamento? Compartilha dela?

– A distribuição de verbas publicitárias do Governo Federal obedece a critérios técnicos, e não político-partidários. O governo trabalha com critérios normatizados. Portanto, não é a vontade de um ministro que estabelece para onde os recursos vão. Há uma normatização com amparo legal. Por isso, a distribuição da verba não configura, de nenhuma forma, expectativa de apoio às políticas governamentais. Eu tenho conversado com todos os setores da imprensa, desde grandes veículos de comunicação até os pequenos jornais e rádios do interior.

Penso que o meu papel como ministro da Secom nomeado pela presidenta Dilma é o de estar aberto ao diálogo com todos os veículos, sejam eles regionais ou nacionais, e de garantir que as verbas publicitárias sejam distribuídas segundo critérios técnicos. E é isso que tenho procurado fazer desde que assumi o cargo, em 31 de março deste ano. A regionalização é a garantia da democratização dos recursos públicos para a publicidade governamental.

No Rio há um processo flagrante de degradação das empresas jornalísticas. O Globo demitiu há dias mais de uma centena de profissionais que se junta a outras cinco centenas demitidas este ano. Como o senhor poderia ajudar para reaquecer um mercado profissional tão importante?

– Eu lamento profundamente os cortes em empresas jornalísticas. Acredito que essas mudanças façam parte de um processo de adaptação, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, principalmente com relação às mudanças provocadas pelos avanços tecnológicos. A mídia como um todo tem sofrido mudanças e é preciso que os veículos debatam alternativas para o futuro. Além disso, há as dificuldades no ambiente econômico atual que o Brasil e o mundo estão enfrentando.

Dentro das limitações do meu cargo como ministro da Secom, vou trabalhar para que o Brasil possa, em breve, retomar o crescimento econômico, voltar a gerar empregos e, com isso, garantir o reaquecimento deste e de outros mercados fundamentais para o desenvolvimento do país. Mas as mudanças estruturais são irreversíveis. A internet vai se consolidar cada vez mais como um modal importante de comunicação.

Projetos independentes como Conexão Jornalismo e Correio do Brasil, que sobrevivem com recursos próprios, são exemplos deste modelo que quer inspirar novas mídias?

– O jornalismo independente é fundamental para o fortalecimento da democracia e do debate político no Brasil. Acredito que há, cada vez mais, a possibilidade de se diversificar a captação de recursos que possam sustentar novos modelos de mídia, em especial a mídia digital. Não tenho dúvida de que o futuro da comunicação, inclusive da comunicação do governo com a sociedade, passa por este novo modelo, que envolve a utilização de blogs, redes sociais e da internet de um modo geral. A Internet, quando bem utilizada, impulsiona novos projetos, além de dar capilaridade e pluralidade a um custo bem menor, o que viabiliza a concretização de boas ideias, que antes não poderiam sair do papel por falta de recursos. A internet gera a interação na comunicação, na apropriação de conteúdo. Isso veio para ficar.

O senhor acredita que a democratização da mídia irá avançar no governo Dilma?

– Acredito que tem avançado. Sabemos que a norma de distribuição da verba publicitária que temos hoje ainda não é ideal, mas, avançamos muito. Estabelecemos critérios para atingir veículos diversos em todo o Brasil. Nosso esforço é de que o processo de democratização da mídia alcance todos os segmentos da nossa sociedade. A pluralidade na produção e distribuição de conteúdo é uma vertente fundamental da democratização da mídia.

O senhor reconhece, assim como Frank De La Rue, que o modelo de Comunicação no Brasil é severamente arcaico e necessita de mudança?

– É fato que a chamada grande mídia no Brasil está historicamente concentrada nas mãos de alguns grupos de comunicação. Acredito que esse modelo não mude de uma hora para outra. Essa mudança, como toda grande mudança, é fruto de um processo que, no meu entendimento, já está em andamento. Aos poucos, novos agentes darão uma nova cara à comunicação do país. É uma mudança natural, impulsionada pelas novas tecnologias, pela vontade política de provocar esta mudança e, especialmente, pela forma como as pessoas têm consumido informação e entretenimento. A chamada mídia tradicional já está tendo de se adaptar e isso contribui para o rejuvenescimento do modelo de comunicação no Brasil.

Por que o governo federal anuncia nos meios eletrônicos de comunicação através do Google? O Sr. sabia que 70% do total efetivamente pago seguem para a Google Inc., em Los Angeles (EUA), e apenas 30% ficam para o veículo onde o anúncio foi veiculado? Há como passar a anunciar nos meios brasileiros de comunicação de forma direta, via as agências de publicidade que atendem ao governo?

– O Governo Federal não anuncia nos meios eletrônicos de comunicação por meio do Google. Isso porque o Google não se posiciona como veículo de comunicação e a sua forma de faturamento não se enquadra nas normas de comissionamento de agência de publicidade, autorregulamentadas pelo Conselho Executivo das Normas-Padrão. Por isso, o governo anuncia de forma direta por meio das nossas agências de publicidade. As agências são contratadas mediante processo licitatório. Todos os anúncios publicados pelo governo seguem uma rigorosa Legislação.


Source: http://correiodobrasil.com.br/governo-dilma-sera-marcado-pelo-fortalecimento-das-instituicoes-diz-edinho-silva/

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