Procuradores buscaram por Nilton Aparecido Alves, técnico em contabilidade em Campo Grande, e o empresário Mário César Neves, dono de um posto de combustível.
Por Redação – do Rio de Janeiro
A agência norte-americana de notícias Intercept Brasil liberou, nesta sexta-feira, mais um petardo contra o ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, e seu relacionamento ilegal com os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba, responsáveis pelas investigações da Operação Lava Jato. Mas a divulgação dos atos criminosos apenas começaram.
Dallagnol e Moro, após vazamentos publicados no Intercept Brasil, podem perder seus empregosO anúncio foi feito pelo jornalista Glenn Greenwald, do Intercept, em seu twitter. “O desespero aqui é triste. Vamos esperar até o final do dia – hoje – e depois me dizer se o que o @Estadao publicou aqui (nesta sexta-feira) é verdade ou não. Eu acho que a resposta será bem clara”, escreveu o jornalista.
“A versão de integrantes da inteligência do governo dá conta de que já se esgotou o arsenal do The Intercept contra Moro.”- rindo muito. De todos os dias para afirmar isso, hj é o pior dia possível para eles. E obviamente, eles não têm ideia do que temos, então por que fingir?”, escreveu ainda o jornalista.
Apenas alguns minutos depois das mensagens de Greenwald, a revista semanal de ultradireita Veja revelou, nesta tarde, o nome de duas testemunhas indicadas pelo então juiz Sergio Moro ao chefe da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol. Em parceria com a Intercept, a revista informa que procuradores buscaram por Nilton Aparecido Alves, técnico em contabilidade em Campo Grande, e o empresário Mário César Neves, dono de um posto de combustível na capital sul-mato-grossense.
Fraude
A indicação de testemunha de Moro para Dallagnol já havia sido divulgada pelo site e confirmada pelo próprio ex-magistrado, atual ministro da Justiça e Segurança Pública. Em conversa pelo aplicativo Telegram, o ministro disse ao procurador que sabia de uma testemunha “aparentemente disposta”a falar sobre imóveis relacionados ao ex-presidente Lula.
Quando o episódio veio à tona, Moro confirmou a autenticidade desse diálogo ao classificar a sugestão havia sido um “descuido” seu.
— Eu recebi aquela informação, e aí sim, vamos dizer, foi até um descuido meu, apenas passei pelo aplicativo. Mas não tem nenhuma anormalidade nisso. Não havia uma ação penal sequer em curso. O que havia é: é possível que tenha um crime de lavagem e eu passei ao Ministério Público — declarou Moro após uma cerimônia na Polícia Rodoviária Federal, em Brasília.
Segundo a revista, em tese, Moro pode ser acusado de ter praticado fraude processual, uma vez que magistrados são proibidos, por lei, de indicar testemunhas a qualquer uma das partes.
De acordo com Veja, Dallagnol procurou as pessoas citadas, em dezembro de 2015, mas elas teriam se recusado a colaborar.
Propina
A reportagem diz ainda que o procurador chegou a sugerir que se forjasse uma denúncia anônima para justificar a expedição de uma intimação que obrigasse as testemunhas a depor no Ministério Público. Esse diálogo entre Moro e Dallagnol foi publicado pela Intercept Brasil, há três semanas. Mas o nome das testemunhas não havia sido divulgado.
Conforme a revista, Nilton Aparecido não confirmou se foi procurado pela força-tarefa.
— Não sei por que meu nome está nessa história. Alguém deve ter falado alguma coisa errada — respondeu aos jornalistas.
Parceiros
Já a segunda testemunha procurada por Veja confirmou ter sido abordada pela força-tarefa do Lava Jato. Mário César Neves é identificado como a pessoa que ouviu a história de Nilton Aparecido sobre os imóveis do filho de Lula e passou a informação a Moro.
— O pessoal do Ministério Público me ligou, não sei mais o nome da pessoa, mas ela queria saber quem era o Nilton, que serviços ele prestava e como poderia encontrá-lo — disse.
Ele também confirmou à reportagem que passou ao MPF o endereço e o telefone de Nilton Aparecido, mas não entrou em detalhes sobre as possíveis transações imobiliárias do filho de Lula.
— Eu soube que o Nilton foi chamado para prestar depoimento logo depois dessa ligação para mim — acrescentou.
Há três semanas, uma série de reportagens publicadas pela Intercept e veículos parceiros, como Veja, Folha de S.Paulo e Band, apontam diálogos que sugerem que o então juiz deu orientações à força-tarefa da Lava Jato sobre o rumo das investigações. O ministro questiona a veracidade das conversas e classifica a obtenção dos diálogos como ação criminosa. As mesmas alegações são invocadas por Dallagnol.