Um dos destaques do debate sobre a agroecologia é o chamado “Pacote do Veneno”; um projeto de lei que retira os controles legais que impedem o uso desenfreado de agrotóxicos nas lavouras.
Por Redação, com ABr – de Belo Horizonte
Grupos muitas vezes sem visibilidade – povos indígenas, comunidades tradicionais, agricultores e agricultoras familiares – trocam experiências de agroecologia, discutem os efeitos das políticas públicas para a agricultura familiar e pretendem dar mais espaço à agenda política do movimento, durante a 4ª edição do Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), iniciado hoje, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, em Belo Horizonte. Terminará neste domingo.
Agrotóxico
Um dos destaques do debate é o chamado “Pacote do Veneno”, um projeto de lei que retira os controles legais que impedem o uso desenfreado de agrotóxicos nas lavouras.
A programação inclui alimentação agroecológica, oficinas, atividades culturais, atos e debates públicos sobre temas como água, mudanças climáticas, sementes crioulas e biodiversidade.
Para Paulo Petersen, membro do comitê executivo do ENA e vice-presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), essa é uma chance de desmentir informações amplamente difundidas na sociedade.
— Uma das principais narrativas do que a gente chama de falsa verdade é a que o agrotóxico é um mal necessário. Essas são afirmações que confundem o debate público. A agroecologia demonstra que isto não é verdade. E que é possível, por conseguinte, produzir em qualidade, diversidade e quantidade sem uso de veneno. O agrotóxico é um elo de uma cadeia de alimentos que precisa ser rompido. Mas as políticas públicas continuam induzindo para o fortalecimento desse modelo — explicou.
Temas em debate
Com o tema “Agroecologia e democracia unindo campo e cidade”; o encontro apresenta para a população urbana os múltiplos benefícios da agroecologia. Entre eles, portanto, a produção de alimentos saudáveis; a recuperação e conservação das fontes de água, da biodiversidade, das florestas e dos solos; a geração de renda na agricultura e a valorização das identidades e culturas dos povos e comunidades do campo.
Essas experiências trazem soluções que respondem a diversos desafios vivenciados no Brasil; como a alta concentração de agrotóxicos nos alimentos; desmatamento, mortes de rios; concentração de renda, êxodo rural e aumento da pobreza.
Um exemplo é o de Paula Silva Ferreira, de Irecê, na Bahia. Ele é representante da Rede de Agroecologia dos Povos da Mata; que há 25 anos produz alimentos agroecológicos.
— Venho de uma comunidade [Lagoa Funda/município Barro Alto] que resiste a esse sistema [que usa agrotóxicos] e mostra que é possível produzir alimentos orgânicos. Conseguimos a certificação participativa nessa resistência. Produzimos todo tipo de verduras, hortaliças e legumes numa escala de toneladas — concluiu.
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