Em primeiro lugar, é bom que se registre que, com todo o tal do antipetismo, Lula liderava as intenções de voto (chegou a 39%) e, nas projeções de segundo turno, ganhava de todo mundo, inclusive de Bolsonaro.
Por Chico Junior – do Rio de Janeiro
Digamos que o candidato do PT à presidência da República, Fernando Haddad, consiga mesmo ir para o segundo turno, conforme estão apontando as mais recentes pesquisas de opinião. E que o seu adversário seja mesmo Jair Bolsonaro.
Haddad está, virtualmente, no segundo turno das eleições, segundo corretora de valoresA questão que se coloca, e que deixa os eleitores de Haddad preocupados, é: o chamado antipetismo, o voto anti PT, será capaz de derrotá-lo.
Em primeiro lugar, é bom que se registre que, com todo o tal do antipetismo, Lula liderava as intenções de voto (chegou a 39%) e, nas projeções de segundo turno, ganhava de todo mundo, inclusive de Bolsonaro.
Centro
Em segundo lugar, a eleição do segundo turno se caracterizará pelo embate das forças democráticas, progressistas, representadas por Haddad, contra as forças antidemocráticas, conservadoras, representadas por Bolsonaro.
É claro que o voto antipetista existe e certamente irá para Bolsonaro, mas resta saber se será suficiente para dar a vitória ao capitão.
Outra questão importante é que, após o primeiro turno, e estando no segundo, Haddad vai ter que, obrigatoriamente, caminhar para o centro, caso queira conseguir as indispensáveis e fundamentais alianças que o ajudarão a derrotar Bolsonaro. Conseguir o apoio de PDT de Ciro, da Rede de Marina, do PSB e até do PSDB de Alckmin será muito importante. O PT já dá sinais que a estratégia de adotar um tom mais moderado na campanha poderá começar já neste primeiro turno.
Radical
Em suma, além do voto popular, o PT tem que conseguir apoio político.
E o PT sabe como fazer isso. Afinal, é um partido bem estruturado em nível nacional, tem uma militância ativa, governou o país por quatro vezes seguidas e certamente formará uma base parlamentar que o credenciará a fazer as alianças necessárias.
Para Bolsonaro, conseguir esse leque de alianças será bem mais difícil. Pertence a um partido pequeno (PSL), desestruturado, e tem um discurso capenga quando se trata de questões estruturais para a governança e desenvolvimento do país. Isso sem contar o discurso radical de extrema-direita.
Páreo duro
Ele, Bolsonaro, sabe que vai ser difícil vencer o adversário, seja lá quem for, tanto que já anda dizendo que, se não vencer é porque houve fraude, levantando desconfianças em relação à votação eletrônica, mas esquecendo-se que foi eleito diversas vezes em votação eletrônica.
Nas projeções de segundo turno (de acordo com a última pesquisa do Ibope), o páreo está duro entre Haddad e Bolsonaro. Mas, apesar do antipetismo, Haddad tem 40% das intenções de voto, mesmo índice de Bolsonaro.
Mas, é aquela história, segundo turno é outra eleição e entram em cena fatores que não agiam no primeiro turno.
Aguardemos as próximas pesquisas.
Chico Júnior é jornalista.