Mais de 600 mil refugiados e imigrantes que fogem da Síria, do Afeganistão e de outros países afetados pela guerra chegaram à Grécia
Por Redação, com agências internacionais – de Atenas:
Cerca de seis imigrantes, incluindo uma criança, morreram afogados quando a embarcação em que estavam afundou perto da costa de uma ilha grega próxima à Turquia, informou a guarda costeira grega nesta quarta-feira, à medida que a perigosa travessia continua a ser tentada apesar das rigorosas condições do inverno europeu.
– Um homem conseguiu nadar até o litoral, de estimadas 10 pessoas a bordo. O corpo de um jovem foi levado pela maré até a praia – disse um oficial da guarda costeira grega.
O naufrágio ocorreu nesta quarta-feira de manhã ao norte do cabo de Ammoglosa, na ilha de Kos, que fica no leste do mar Egeu, próxima à Turquia.
Três barcos da guarda-costeira, um helicóptero militar e dois barcos da agência europeia Frontex buscavam por sobreviventes.
– De acordo com o testemunho de sobreviventes, ao menos três imigrantes estão desaparecidos – disse o oficial da guarda-costeira.
Mais de 600 mil refugiados e imigrantes que fogem da Síria, do Afeganistão e de outros países afetados pela guerra chegaram à Grécia a partir da Turquia no ano passado, arriscando a curta mas perigosa travessia marítima, muitas vezes em barcos infláveis. Centenas se afogaram.
Ao menos 43 pessoas, incluindo 17 crianças, se afogaram na semana passada, quando seus barcos afundaram perto da costa de duas ilhas gregas próximas à Turquia, dois dos naufrágios mais fatais envolvendo migrantes que se arriscam na precária rota de entrada na Europa.

Confisco de dinheiro de refugiados
O Parlamento da Dinamarca aprovou na terça-feira o endurecimento das leis de asilo, o que inclui o polêmico confisco de dinheiro e objetos pessoais de refugiados para ajudar a pagar os custos da permanência deles no país.
Além disso, a nova legislação dificulta a obtenção de vistos para familiares de requerentes de asilo e também os processos de reunificação familiar. Asilados deverão agora esperar três anos, e não mais um ano, para dar entrada no processo de vinda de seus familiares, e a análise pode levar vários anos. As novas regras ainda diminuem a duração dos vistos de residência no país.
Depois de cerca de quatro horas de debate, a polêmica alteração legislativa, que prevê a apreensão de dinheiro acima de 10 mil coroas dinamarquesas (cerca de 1.300 euros) e de bens pessoais acima da mesma quantia, excetuando “bens de valor sentimental”, como alianças, e “de natureza prática”, como celulares e relógios – foi aprovada por 81 votos a favor e 27 contra, enquanto 70 deputados não participaram na votação e um se absteve.
O projeto original previa o confisco já a partir de 3 mil coroas e não contemplava exceções por valor sentimental, mas mudanças foram feitas devido às críticas de organizações humanitárias. O governo defende a lei afirmando que ela equipara os refugiados aos dinamarqueses que se candidatam à ajuda social e também precisam vender seus bens pessoais. Críticos afirmam, porém, que os dinamarqueses não precisam se submeter às revistas pessoais previstas na nova lei de asilo.
O confisco de valores é a mais contestada das novas medidas e, segundo críticos, viola várias convenções internacionais. Ela já foi comparada à espoliação dos judeus pelo regime nazista.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) criticou a nova legislação, afirmando que ela alimenta o medo e a xenofobia em vez de promover a solidariedade, e diversas outras organizações internacionais consideraram alarmantes sobretudo as restrições impostas às condições de permanência e ao reagrupamento familiar.
Para a diretora-adjunta da Anistia Internacional para a Europa, Gauri van Gulik, a medida é discriminatória para uma categoria de imigrantes já especialmente vulnerável. Para o comissário de Direitos Humanos do Conselho da Europa, Nils Muiznieks, ela levanta questões de compatibilidade com a Convenção Europeia de Direitos Humanos, que protege o direito à família.
O projeto de lei foi apresentado pelo governo de centro-direita do primeiro-ministro Lars Lokke Rasmussen, que não tem maioria parlamentar, e aprovado com apoio da oposição social-democrata. Pequenos partidos de esquerda, incluindo os verdes, votaram contra.
No ano passado, a Dinamarca registrou 20 mil refugiados, o maior número da história do país. Na Suécia foram 163 mil, e, na Alemanha, 477 mil registros. Pesquisas recentes de opinião mostram que cerca de 70% dos dinamarqueses consideram a imigração sua principal preocupação no campo político.