Sobre os investimentos, “isso pode estimular a concorrência no mercado, o que impacta sua eficiência e possibilita a oferta de produtos a preços menores aos clientes, atingindo maior parcela da população”, afirmou a instituição
Por Redação – de Brasília
O Banco Central (BC) brasileiro divulgou, nesta quinta-feira, que a introdução de inovações financeiras pode afetar a solidez do sistema e apontou que está pronto a adotar medidas contrárias caso identifique a necessidade de intervenção regulatória. Em seu Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, divulgado nesta manhã, o BC reconheceu as transformações promovidas pelas empresas de tecnologia de serviços financeiros, as chamadas fintechs, e destacou que encoraja o desenvolvimento de novas tecnologias.
“Isso pode estimular a concorrência no mercado, o que impacta sua eficiência e possibilita a oferta de produtos a preços menores aos clientes, atingindo maior parcela da população”, afirmou a instituição em nota assinada por Ilan Goldfajn, presidente do BC. Na outra ponta, destacou que “novas formas de prestação de serviços implicam a necessidade de métodos atualizados de acompanhamento de seu emprego e de um marco regulatório tempestivamente aprimorado, de forma a garantir o regular funcionamento do Sistema Financeiro Nacional e das infraestruturas do mercado financeiro”.
Após alertar em relatórios anteriores que os efeitos decorrentes do aumento do risco de crédito das empresas investigadas na Lava Jato seguiam como fatores de atenção contínua, o BC retirou a menção à operação no documento divulgado nesta quinta. Segundo a autoridade monetária, o “ambiente adverso” da economia real continuou a se refletir de maneira pronunciada nos indicadores de crédito na primeira metade do ano, o que levou à manutenção da cautela na concessão de crédito e na baixa demanda por parte dos tomadores, resultando num baixo crescimento da carteira.
O cenário também contou com alta da inadimplência, incluindo “considerável aumento” da taxa de não pagamento das empresas, que encerrou o semestre em 3%. No relatório, o BC ponderou que a variação da inadimplência não reflete completamente o avanço do risco, já que “a renegociação e a reestruturação de dívidas mantiveram-se em alta no período, como forma de adequação dos fluxos financeiros esperados à capacidade de pagamento de empresas e famílias”. No caso das empresas, a inadimplência ao fim do primeiro semestre iria a 3,7% se considerado o ajuste das reestruturações de dívidas.
Apesar do cenário, o BC apontou que a cobertura da inadimplência por provisões permanece adequada, tanto entre bancos públicos como entre bancos privados. Segundo o BC, a liquidez do sistema bancário permaneceu estável no período. Após a realização de testes de estresse, o BC destacou que o sistema continuou mostrando capacidade de suportar choques de cenários macroeconômicos adversos, bem como de mudanças abruptas nas taxas de juros e de câmbio, de aumento na inadimplência ou de queda generalizada dos preços dos imóveis residenciais.
Ao fim do primeiro semestre, o índice médio de Basileia, que mede o requerimento mínimo de capital dos bancos, ficou em 16,5%, ante 16,3% em dezembro de 2015.
Rombo no governo
Ainda no início desta tarde, o mercado passou a ver um rombo primário de R$ 140,157 bilhões para o governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) no próximo ano, pior que o estimado anteriormente, e estourando a meta estabelecida para as contas públicas no ano que vem, de déficit de R$ 139 bilhões. Os dados constam em relatório Prisma Fiscal divulgado pelo Ministério da Fazenda nesta quinta-feira. No levantamento anterior, a projeção era de déficit primário de R$ 138,578 bilhões para 2017, de acordo com a mediana das estimativas
Para este ano, a previsão de déficit primário foi a R$ 160,378 bilhões, também pior que o rombo de R$ 158,860 bilhões calculado na edição anterior do Prisma. A meta do governo em 2016 é de um saldo negativo em R$ 170,5 bilhões. O mercado enxerga que a dívida bruta irá encerrar este ano a 73,50% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, mesma previsão vista antes. Para o próximo ano, a expectativa passou a ser de uma dívida bruta a 78,40% do PIB, contra 78,20% antes.
Diante do cenário de franca deterioração do indicador, o governo tem apontado a necessidade de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior para garantir o reequilíbrio das contas públicas. Na véspera, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a proposta é prioridade do governo, e que a duração do teto deve ser suficientemente longa para não apenas estabilizar a dívida pública, mas fazê-la cair.
O post Inovações nos investimentos ameaçam sistema financeiro, segundo BC apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.