Chegaram ao país, em 2020, US$ 34,1 bilhões no país no acumulado do ano, contra US$ 69,1 bilhões no ano anterior. O número é o menor desde 2009, quando foram investidos US$ 31,4 bilhões. Trata-se de uma queda (no fluxo de investimentos) importante que decorre do caráter global da pandemia e da recessão.
Por Redação – de Brasília e São Paulo
A fuga de investidores ao longo do último ano soma-se, agora, à queda drástica dos investimentos diretos de estrangeiros no Brasil, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, pelo Banco Central (BC). Em comparação com 2019, o volume de aplicações caiu pela metade no ano passado, revela o relatório.
Os operadores das bolsas de valores constatam a queda no volume investido por estrangeiros, no paísChegaram ao país, em 2020, US$ 34,1 bilhões no país no acumulado do ano, contra US$ 69,1 bilhões no ano anterior. O número é o menor desde 2009, quando foram investidos US$ 31,4 bilhões. Na atual pandemia, que dura pouco mais de 10 meses, os níveis de investimento de longo prazo desabaram, no país.
— É uma redução (no fluxo de investimentos) importante que decorre do caráter global da pandemia e da recessão, com incertezas ainda muito elevadas — explica a jornalistas o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
Recessão
Os investimentos diretos, diferentemente das aplicações em ações e títulos públicos, são feitos por empresas que estabelecem um relacionamento de médio e longo prazo com o país e são menos voláteis em crises momentâneas por envolver decisões mais duradouras.
Em dezembro, o ingresso líquido (diferença entre entradas e saídas) foi o menor desde julho de 2016, com US$ 738 milhões, menos da metade do registrado em novembro (US$ 1,5 bilhão). O número é o menor desde 2009, quando foram investidos US$ 31,4 bilhões.
— É uma redução (no fluxo de investimentos) importante que decorre do caráter global da pandemia e da recessão, com incertezas ainda muito elevadas — explicou Rocha.
Empréstimos
Na atual pandemia, que dura pouco mais de 10 meses, os níveis de investimento deste tipo caíram no país, mas não ficaram abaixo de US$ 1 bilhão. Os menores patamares foram registrados em julho (US$ 1,5 bi) e novembro. Em abril, um dos meses mais críticos da crise, os investimentos somaram US$ 1,6 bi.
Em dezembro, no entanto, os ingressos foram os maiores desde a chegada do vírus no Brasil, com entrada de US$ 12,8 bilhões. As saídas – empresas que retiraram dinheiro do país – também foram elevadas, com US$ 12,1 bilhões, maior valor desde janeiro de 2017.
Para Rocha, dois movimentos explicam o alto volume de entradas e saídas no mês: a conversão de empréstimos entre companhias do mesmo grupo com o pagamento da dívida (e entrada desse recurso no patrimônio da empresa) e a rolagem maior desses empréstimos.
— São operações que se anulam em termos líquidos, porque geram o mesmo valor em saídas e entradas. As conversões representaram US$ 2,3 bilhões em dezembro e tivemos rolagem de 100% — acrescentou.
Saída líquida
Na prática, a conversão é feita quando a empresa precisa ter dinheiro livre em caixa, ou se capitalizar. Já a rolagem é feita quando a empresa empresta novamente o valor à subsidiária, renovando a dívida.
Os investimentos de empresas brasileiras no exterior também foram afetados pela pandemia e fecharam o ano com resultado negativo em US$ 16,4 bilhões, o que caracteriza desinvestimento. Isso significa que as empresas retiraram mais dinheiro do que aplicaram lá fora em 2020. Em 2019, o resultado foi positivo em US$ 22,8 bilhões.
Em contrapartida, o volume aplicado em ações e títulos públicos brasileiros mostrou recuperação. Em dezembro, houve ingresso líquido de papeis negociados no mercado doméstico de US$ 6,3 bilhões.
— No ano, tivemos saída líquida de US$ 8 bilhões. Nos primeiros meses da pandemia, tivemos saídas expressivas nesse mercado. Depois, tivemos recuperação com a diminuição de incertezas, mas não foi integral — resumiu.