“Boa gente demais”. Assim descreve o ex-presidente Lula um dos funcionários do cárcere. O líder petista encontra-se preso há quase dois meses.
Por Redação, com correspondente – de Curitiba
No quarto adaptado para uma cela, para onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi conduzido há dois meses pela Polícia Federal (PF), em cumprimento a uma ordem do juiz Sérgio Moro, mora um estadista. Esta qualidade, inerente a poucos homens e mulheres, no mundo, permite a Lula ganhar o voto de confiança de seus carcereiros, caso seja admitido como candidato à reeleição, em outubro deste ano.
Se houver eleições e Lula for candidato, o líder petista contará com os votos de alguns dos funcionários terceirizados e mesmo entre aqueles que prestaram concurso público e se revezam no cuidado ao prisioneiro ilustre. São poucos os comentários, mas o sorriso de alguns deles diante da pergunta: “E aí, como é trabalhar onde o Lula está preso?” é revelador.
— É boa gente demais — disse um dos contratados. Ele pede para que não citem seu nome, por razões óbvias.
Rotina
Desde o pessoal do serviço pesado até agentes prisionais; segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, ouvindo a voz corrente e os fragmentos de casos que chegam ao acampamento de apoio ao ex-presidente, a presença do pré-candidato mais aclamado pela sociedade; líder absoluto nas pesquisas de opinião, mudou a energia da Superintendência da PF, nesta capital.
Há, contudo, aqueles que tentam desconhecer o caráter político da prisão. Cumprem, estritamente, o dever de permitir que o líder petista tenha a estada mais adequada possível; aos parâmetros legais aos quais encontra-se submetido. Mas, nestes quase 60 dias, Lula já coleciona a admiração de muitos daqueles com quem, por força da rotina, entra em contato.
‘Olhos vidrados’
O presidente do Brasil, por dois mandatos, mantém uma rotina calma; entre muitas cartas que escreve e a leitura de tantas outras. As visitas, ainda reduzidas por aquele excesso de zelo característico do Judiciário curitibano quando se trata do líder petista, não alteram o ritmo simples de um tempo de reclusão. Lula, no entanto, sustenta sua inocência e coleciona a defesa de seu nome por líderes mundiais; entre eles o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, conforme noticiou o CdB.
Até mesmo um dos diários conservadores paulistanos; dedicado a manter o noticiário mais negativo possível sobre o apenado, precisou reconhecer, em um texto publicado neste domingo, que Lula conquista a admiração até de seus carcereiros.
Lula, segundo o jornal “tem recebido atenção e simpatia de policiais federais do local. Um dos visitantes semanais que Lula recebe; além de seus advogados, relatou surpresa ao abrir a porta do aposento do quarto andar da Superintendência da PF, onde Lula, em pé, contava uma história a um policial que, sentado na beirada da cama do petista, ouvia com os olhos vidrados”.
Mesma dieta
“O quarto onde o petista vive não fica com a porta trancada. Mesmo assim, Lula só sai de lá para as duas horas de banho de sol, numa varanda do prédio. Os agentes entram sempre para levar a ele água gelada ou ouvir as histórias do ex-presidente”, relata a reportagem.
O convívio plácido entre o prisioneiro e seus captores está entre as razões para que Lula tenha pedido aos seus advogados que desistam da intenção de transferi-lo para um presídio federal. Sem contar que, qualquer movimento nesse sentido, segundo o ex-presidente; seria uma forma de admitir a culpa que ele nega no processo conduzido por Moro.
Outro gesto do ex-presidente que conquistou novos admiradores foi a recusa em receber alimentos de fora da cadeia; apesar da oferta de advogados e familiares. O nordestino de Garanhuns (PE), que conheceu os rigores da miséria; faz questão de comer exatamente o mesmo que outros presos da carceragem.
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