Em vídeo gravado para Cúpula da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, Guedes disse que haverá luta pela manutenção do teto de gastos enquanto for necessário, reconheceu que há ministros que querem expandir as despesas públicas furando o mecanismo, mas pontuou que Bolsonaro “está claramente do nosso lado”.
Por Redação – de Brasília
O ministro da Economia, Paulo Guedes, previu nesta segunda-feira uma queda de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) para o Brasil neste ano. Embora o próprio Banco Central (BC) calcule a margem negativa um ponto percentual acima, ele reforçou que o time econômico conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para manutenção do teto de gastos. Mesmo essa afirmativa carece de comprovação, diante das incertezas que dominam a arena política.
Bolsonaro e Guedes não sabem, ao certo, o que fazer diante do drama do povo brasileiro, na atual pandemia do novo coronavírusOficialmente, a projeção do Ministério da Economia está entre uma contração de 4,7% a 5% da atividade em 2020.
‘Fogo amigo’
Em vídeo gravado para Cúpula da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, transmitida pela internet, Guedes disse que haverá luta pela manutenção do teto de gastos enquanto for necessário, reconheceu que há ministros que querem expandir as despesas públicas furando o mecanismo, mas pontuou que Bolsonaro “está claramente do nosso lado”.
— Se desindexarmos o Orçamento, se fizermos desobrigação, desvincularmos todos esses gastos e a classe política tomar controle do Orçamento novamente, como em qualquer outro país, poderíamos nos dar ao luxo de liberar esse teto — afirmou.
Segundo o ministro, “será uma grande luta (pela manutenção do teto)”.
— Em alguns momentos há até luta interna, fogo amigo, pessoas aqui que querem gastar dinheiro e mandam sinais mistos para o mercado, isso é muito ruim, temos uma inclinação grande da curva de juros no momento — reclamou.
Numa guerra
Guedes disse, ainda, que o país gastou 10% do PIB no combate aos efeitos da pandemia da covid-19, “sem arrependimentos”. As despesas, no entanto, ficarão restritas a este ano, com parte da conta sendo coberta com desinvestimentos. No caso, a tentativa de venda do patrimônio público, em privatizações questionáveis no Congresso.
— Nós temos que pagar as despesas extraordinárias com o coronavírus. É como uma guerra, temos que pagar pela guerra. Vamos desinvestir para pagar isso — teimou o ministro.
O economista da linha ultraliberal diz acreditar “que o ‘crowding in’ dos investimentos estrangeiros será o principal eixo do crescimento nos próximos anos”. O “crowding in” refere-se ao aumento de investimentos pelo setor privado na esteira de gastos realizados pelo poder público, que também não tem ocorrido. No momento, o que há é uma fuga sem precedentes de capitais e investidores.
— Então, temos concessões e privatizações em infraestrutura, em gás natural, em petróleo, em eletricidade, água e saneamento — acrescentou o ministro, ressaltando que o país está aprovando marcos regulatórios para abrir o que chamou de “fronteiras de investimento”.