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Marcos Valério interrogado sobre o papel de Aécio em mensalão tucano

19 de Julho de 2017, 14:59 , por Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Delação premiada de publicitário pode ajudar nas investigações sobre morte de modelo em Belo Horizonte. Marcos Valério teria citado, ainda, o senador Aécio Neves.

 

Por Redação – de Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro

 

Operador dos propinodutos que serviram ao PSDB e ao PT, em um esquema de repasse de verbas de publicidade, o ex-empresário Marcos Valério Fernandes teria fechado um acordo de delação premiada junto à Polícia Federal (PF), segundo documentos vazados nesta quarta-feira. Entre os principais envolvidos estão o senador Aécio Neves, presidente afastado do PSDB e investigado no Supremo Tribunal Federal (STF); além do ex-governador mineiro Eduardo Azeredo, ex e atuais parlamentares e ministros.

Andrea Neves, irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), passou a cumprir prisão domiciliar. Ela teria sido citada na delação de Marcos Valério

Marcos Valério cumpria pena de prisão na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), mas foi transferido na última segunda-feira para a sede da Associação de Proteção e Assistência a Condenados (Apac), em Sete Lagoas (MG). A mudança já faria parte do acordo com a PF.

Mensalão tucano

Segundo despacho do juiz da Comarca de Contagem Wagner de Oliveira Cavalieri, a transferência objetiva “concluir procedimento de colaboração premiada” no STF. É onde o processo se encontra, por envolver suspeitos com foro privilegiado.

O magistrado, no documento, assinala que Valério “é presumidamente possuidor de inúmeras informações de interesse da Justiça e da sociedade brasileiras”. Por esse motivo, seria “inegável o interesse público em suas declarações sobre fatos ilícitos diversos que envolvem a República”.

A decisão ignorou formalidades e filas de transferência de presos sob o argumento de que Valério promete entregar a quadrilha que atuou junto ao governo de Minas Gerais, no desvio de recursos públicos. Sobre os integrantes da organização criminosa pesa, ainda, uma suspeita de um assassinato. Em depoimento prestado em abril deste ano, no âmbito da ação conhecida como ‘mensalão tucano’, Valério revelou que políticos locais temem que a delação revele fatos ainda mais graves.

Valério acrescentou que pessoas em cargos importantes no Estado tentaram impedir o acordo de delação.

— Muita gente trabalhou para que eu não fizesse (o acordo) — afirmou aos policiais, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil.

Andrea Neves

A delação de Valério poderá elucidar, ainda, as denúncias do advogado Dino Miraglia. Ele advogava para Nilton Monteiro, outro delator do ‘mensalão tucano’, que esteve preso no complexo penitenciário de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, acusado como falsário. Monteiro era ligado aos políticos também envolvidos no esquema criminoso conhecido como ‘Lista de Furnas’.

O advogado Miraglia deixou a defesa de Nilton Monteiro após ter a residência invadida por um grupo de dez delegados da Polícia Civil de Minas Gerais que buscavam, segundo ele, um documento falso. O episódio lhe custou a dissolução de um casamento de 26 anos. Assustadas com a operação policial, que envolveu helicóptero e viaturas policiais em um bairro onde moram pessoas de alto poder aquisitivo, mulher e filha resolveram se afastar.

As investigações tendem a levar, ainda, às denúncias publicadas no site NovoJornal. A publicação era editada pelo jornalista Marco Aurélio Carone. Ele foi preso, por ordem da Justiça mineira, mas foi libertado após sofrer um enfarte na cela. Ao CdB, Carone atribuiu a culpa por sua prisão à irmã de Aécio Neves, Andrea. Atualmente, ela se encontra em prisão domiciliar, por envolvimento em crimes apurados na Operação Lava Jato.

Marcos Valério e Aécio Neves

Matéria publicada no NovoJornal, sob o título: Juíza do mensalão mineiro manda investigar morte de modelo, relata suspeitas sobre a morte da modelo Cristiane Aparecida Ferreira. A publicação juntou documentos que comprovariam o recebimento, por parte da modelo assassinada, de R$1,8 milhão diretamente do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia. Os fatos expostos levaram a juíza Neide da Silva Martins e o Promotor João de Medeiro à iniciar uma nova linha de investigações para analisar nova vertente criminal.

Depoimentos informam que Cristiane Aparecida Ferreira atuou transportando valores milionários a serviço do ‘mensalão tucano’. Criminalistas ouvidos, à época, disseram que a morte da modelo não teria sido um crime passional. Isso foi o que alegaram os investigadores, no inquérito, apontando um suposto namorado como executor do crime. Cristiane Ferreira, na realidade, estaria jurada de morte por envolvimento com altas personalidades da sociedade mineira.

Segundo um dos criminalistas que atua no caso, o assassinato da modelo realmente foi cometido por Reinaldo Pacífico. Tratava-se do namorado da modelo, conforme sua condenação. Porém, provas e evidências teriam demonstrado a existência de um ou mais mandantes.

Amante profissional

Cristiane tornara-se “perigosa” para a quadrilha. Ela não só conhecia toda operação como teria mantido relação amorosa com os principais operadores da organização criminosa. Segundo aqueles criminalistas, sua morte fora uma ‘queima de arquivo’.

Diante das provas reunidas nos autos, a juíza Silva Martins, da 9ª Vara Criminal de BH, abriu o novo inquérito. Desta vez para apurar, exclusivamente, a participação de Cristiane no esquema em que Valério seria o principal arrecadador de recursos.

O processo ainda tramita na capital mineira, por decisão do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa. Segundo os criminalistas citados nas reportagens do NovoJornal – atualmente censurado, na internet – Cristiane mantinha um caso amoroso com o ex-presidente da Cemig Djalma Moraes; com o ex-ministro e ex-vice-governador Walfrido dos Mares Guia e com o ex-governador Newton Cardoso.

Caso reaberto

“Com a abertura deste novo inquérito, quebra-se a resistência do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Combate ao Crime Organizado e de Investigação Criminal dirigido pelo Procurador André Estevão Ubaldino Pereira, que se recusava a reabrir o caso da morte da modelo”, afirmou um dos criminalistas ouvidos por Novojornal, em reportagem a que o CdB teve acesso.

Valério, agora na condição de delator, será questionado sobre este e outros crimes em que se envolveu. Procurados, os assessores do senador Aécio Neves, do ex-ministro Mares Guia e do ex-governador Azeredo não retornaram às ligações da reportagem.

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Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/marcos-valerio-interrogado-papel-aecio-mensalao-tucano/

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