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Ménard – o Repórter Sem Fronteira

Novembre 19, 2015 15:00 , by Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Por Mário Augusto Jakobskind, do Rio de Janeiro:

Como um esquerdista acabou prefeito de uma cidade francesa, depois de aderir ao Front National de Marine Le Pen
Como um esquerdista acabou prefeito de uma cidade francesa, depois de aderir ao Front National de Marine Le Pen

O mundo realmente dá muitas voltas e tudo acontece muito rapidamente. Querem um exemplo? Quem se lembra do nome de um dos fundadores da ONG Repórteres Sem Fronteiras? Para os que têm memória curta, o nome dele é Robert Ménard, um cidadão que atualmente é prefeito da localidade francesa de Béziers, segundo informou uma amiga, uma fonte segura, que se assustou ao vê-lo na televisão ”visitando” famílias sírias refugiadas. Aliás, visitando não é bem o termo.

Se pensam que a história acaba aqui, enganam-se. Ménard se elegeu prefeito pelo partido Frente Nacional de extrema direita, que tem como um dos fundadores, um tal de Jean Marie Le Pen, pai de Marina Le Pen, cotada para suceder François Hollande.

Ele pregava escancaradamente o racismo, chegando a afirmar que o holocausto da II Guerra Mundial contra os judeus “não foi bem assim”. Chegou a ser condenado por essa afirmação discriminatória. Além do mais, sempre se posicionou de forma racista contra os estrangeiros na França, sobretudo os vindos da África e de países árabes.

Robert Ménard quando militava no Repórter Sem Fronteira voltava suas baterias contra Cuba e critica o governo porque, segundo ele,  lá na ilha caribenha não havia “imprensa independente”. Podem imaginar de que independência Ménard se referia. Ele andava desaparecido do noticiário internacional. Um dos motivos é que estava desmoralizado por ser acusado de ligações com o serviço de inteligência norte-americano, a CIA.

Trocou de militância, conseguindo se eleger prefeito da cidade mencionada. Foi visto na televisão por minha amiga fazendo ameaças de ordenar o uso de força, repressão, contra os refugiados sírios caso eles não se retirassem de onde estavam em Béziers.

Na sua condição atual de Prefeito, nem na França lembram que Ménard foi um dos fundadores da ONG Repórteres Sem Fronteira, o tal grupo que deita e rola em acusações não só contra Cuba, como contra outros governos que não rezam pela cartilha de Washington. Leia-se Bolívia, Equador, Venezuela, Nicarágua  e assim sucessivamente.

Na verdade, o lamentável acontecimento em Béziers não deveria passar despercebido. Deve-se cobrar inclusive o silêncio da mídia comercial sobre o fato relatado pela amiga que por acaso viu na televisão este cidadão francês de nome Robert Ménard.

Vale lembrar também que quando aparecia nos jornalões e telejornalões destas bandas era endeusado. O Globo, a Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo lhe davam cobertura total para queimar governos progressistas da América Latina. Nunca foi ventilada a acusação segundo a qual tinha, ou ainda tem vínculos estreitos com a CIA.

Para os órgãos de imprensa mencionados, antes de qualquer coisa, o que interessa para eles é que Ménard ajudava enormemente a induzir os leitores a formar opinião de ódio contra determinados governos que sempre foram rejeitados, não apenas em editoriais infamantes, como também nas coberturas jornalísticas.

Uma pergunta que não quer calar: quantas figuras como Robert Ménard circulam por aí com grandes espaços midiáticos? E quantos poucos têm oportunidade nos mesmos espaços midiáticos hegemônicos de contestar o que dizem os Ménard?

Em suma, por estas e muitas outras achamos por bem informar sobre o que aconteceu em Béziers. Entendemos ser um fato importante, sobretudo no momento em que a Rússia realmente passa a dar combate ao terrorismo na Síria, e dos Estados Unidos surgem vozes tentando desmoralizar os esforços do governo de Vladimir Putin a enfrentar o Estado Islâmico e outros contingentes terroristas, alguns deles treinados pela CIA.

O empenho do Pentágono de a todo o momento procurar desmoralizar a Rússia remete a uma série de dúvidas, inclusive se os Estados Unidos estão mesmo interessados em enfrentar o Estado Islâmico.

Mário Augusto Jakobskindjornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil). Consultor de História do IDEA Programa de TV trasnmitido pelo Canal Universitário de Niterói, Sede UFF – Universidade Federal Fluminense Seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla , lançado no Rio de Janeiro.

Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.


Source: http://correiodobrasil.com.br/historia-oculta-de-um-reporter-sem-fronteira/

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